Rio - "É difícil, é doloroso. Me humilha". A filha do cinegrafista Santiago Andrade, Vanessa Andrade desabafou nesta quarta-feira, em publicação Facebook, logo após saber que os dois acusados da morte do pai — Caio Silva de Souza e Fábio Raposo — não responderão mais por homicídio triplamente qualificado. O Tribunal de Justiça do Rio acolheu recurso da defesa dos réus, que passarão a responder pelo crime de explosão seguida de morte.
Acusados da morte de Santiago responderão em liberdade
Com a desclassificação do crime de homicídio, o processo sai da competência do 3º Tribunal do Júri e será redistribuído para uma das varas criminais comuns da Comarca da Capital. O promotor que receber o caso terá que oferecer uma nova denúncia.
"A decisão deve ser acatada e respeitada. Sou mais uma parcela da sociedade que passa a conviver com assassinos de um homem íntegro e justo em liberdade. É difícil, é doloroso, depois de um ano sem Santiago a sensação de não poder fazer nada me corrói, me humilha. E lamento. Lamento não ser como os defensores, que perdoam dois assassinos, que transformaram em noites os dias de uma família com um simples voto", escreveu a jornalista.
Além de mostrar insatisfação, Vanessa demonstrou que lutará por justiça: "Se Caio e Fábio estão livres, lamento mais ainda desapontá-los, mas a minha batalha continua, até a última instância, estou preparada. Santiago Andrade morreu pelo simples fato de estar mostrando ao país o que vocês acharam que seriam capazes com os rostos escondidos. Meu pai salvou cinco vidas, meu pai é o meu orgulho, meu pai descansa em paz. Eu me pergunto agora: quem tem orgulho de vocês?", apontou.
'Não haverá impunidade', diz advogado de um dos réus
Com a decisão do TJ, Caio e Fábio não responderão mais pelo crime de homicídio e serão soltos, mediante o cumprimento de medidas cautelares, entre elas o uso de tornozeleiras. A pena para o crime de explosão seguida de morte poderá chegar a oito anos de prisão.
De acordo com o advogado de Caio, Antônio Melchior, a liberdade dos dois está vinculada ao cumprimento de medidas cautelares. Ele ressalta que "não haverá impunidade": "Fizemos um recurso em sentido estrito com objetivo de desclassificação do crime. O TJ considerou que não foi produzida nenhuma prova pelo Ministério Público do Rio (MP) de dolo eventual na conduta dos dois, o que significa que não se trata de homicídio triplamente qualificado, mas do crime de explosão seguida de morte", explicou o advogado.
"Desde o início eles confessaram a intenção de soltar o explosivo. O importante é que não se trata de impunidade, mas de corrigir o excesso de acusação do MP. Foi reconhecido um crime grave, o de explosão com resultado de morte, e culposo", acrescenta Melchior.