Por felipe.martins

Rio - Em meio à escassez de recursos, denunciada em série de reportagens do DIA há duas semanas, a crise da saúde pública do Rio vai ganhar um reforço de fiscalização para melhorar gestão de pessoal e de verba. O governador Luiz Fernando Pezão criou nesta quarta-feira a Corregedoria-Geral da Saúde. A ideia é concentrar as investicações e sindicâncias de desvios de função, recursos e má gestão. O coronel PM Ronaldo Menezes foi nomeado para chefiar o novo setor e responderá ao secretário de Sáude, Felipe Peixoto.

“Considero fundamental termos uma corregedoria para zelar pelos recursos destinados à Saúde”, avaliou Peixoto, antecipando que o corregedor acionará diretamente tanto a polícia como o Ministério Público (MP) ou a Justiça, em caso de fraudes ou improbidade.

Com a experiência no cargo de corregedor-geral da PM, o coronel Menezes entrará em terreno desconhecido e nada animador. Segundo dados do Sindicato dos Médicos, as três maiores emergências 24h da rede estadual — os hospitais Getúlio Vargas (Penha), Carlos Chagas (Marechal Hermes) e Rocha Faria (Campo Grande) — enfrentam falta de pessoal e de recursos. Há dificuldade para marcar consultas, realizar cirurgias e acesso a medicamentos. O déficit de leitos em UTI no estado ultrapassa os 200. Ao menos 20 mil pessoas apelaram ao MP e às defensorias nos últimos anos para conseguir internações, medicamentos, consultas, exames e até fraldas.

“Uma medida dessa natureza é vista com bons olhos, mas se o governador criou a corregedoria para constranger o servidor público, não resultará em melhoria, pois o servidor não tem medo de intimidação. Quem precisa ser investigado são os gestores da rede que não cumprem os preceitos constitucionais”, criticou o presidente do Sindicado dos Médicos, Jorge Darze.

Segundo a secretaria, que abrigará a estrutura física da corregedoria, a criação dessa unidade não gerará novas receitas para a pasta. O quadro de funcionários será montado com os servidores já alocados na Saúde.

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