Por felipe.martins

Rio -  Uma manifestação diferente chamou a atenção de quem passou nesta segunda-feira à tarde em frente ao prédio do Ministério Público Federal, no Centro do Rio. Dezenas de representantes do Povo de Santo (Umbanda e Candomblé), foram ouvidos pelo procurador federal Jaime Mitropoulos, que recebeu farta documentação reunindo graves denúncias contra a Igreja Universal do Reino de Deus (IURD).

Representados pelo advogado Luiz Fernando Martins da Silva, os religiosos estão assustados com a formação de grupos como o Gladiadores do Altar. Candomblecistas e umbandistas lembraram os casos em que foram vítimas de intolerância religiosa, inclusive com terreiros depredados e incendiados.

Representantes de religiões afro fizeram um ato em frente ao Ministério Público Federal%2C antes de entregar as denúncias a um promotorUanderson Fernandes / Agência O Dia

“A comunidade está assustada com os vídeos que viu destes grupos paramilitares, fardados, de coturno, que promovem pseudoexorcismos de seus orixás e adotam discurso violento contra a liturgia dessas religiões”, explicou o advogado, que é candomblecista.

A intenção dos religiosos é, através do Ministério Público, convocar uma audiência com representantes da Igreja Universal a fim de esclarecer a que se propõe o grupo Gladiadores do Altar para, a partir de então, ajuizar ou não ação penal contra a IURD.

“Os Gladiadores do Altar são parte de um projeto de poder da Igreja Universal. Isso não é mais uma disputa religiosa, mas política. O povo que ajudou a constituir a cultura deste país exige que a lei seja cumprida. Chega de ver nossos filhos serem chamados na escola de filhos do demônio”, protestou a antropóloga e jornalista Rosiane Rodrigues, que representava o grupo.

Representantes de demais religiões também se mostraram solidários, como Helio Ribeiro, diretor do Conselho Espírita do Rio de Janeiro. “Somos contra todo tipo de intolerância e a favor de todas as medidas cabíveis para combatê-la.”

Fins pacíficos, diz a Universal

A Igreja Universal informou através de nota que o projeto Gladiadores do Altar se resume a um “programa de ensino religioso totalmente pacífico” e que a polêmica criada é fruto de “um lamentável mal-entendido da Internet que foi alimentado pelo desconhecimento de muitos e pelo preconceito de alguns.”

“O projeto visa nada mais que a formação de jovens vocacionados para o trabalho pastoral. Não há disciplina militar, não existe atividade física envolvida e jamais houve – nem nunca haverá – incitação à violência ou ao ódio a qualquer religião”, disse a nota.

Por fim, a IURD disse estar à disposição das autoridades para prestar quaisquer esclarecimentos, reafirmou que respeita todas as religiões e que espera receber o mesmo tipo de comportamento.

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