Por nicolas.satriano

Rio - Um agente do Educandário Santo Expedito, do Departamento Geral de Ações Socioeducativas (Degase), em Bangu, foi sequestrado e torturado por traficantes do Morro do 48, também na região, ligados ao Comando Vermelho (CV), horas depois de presenciar a rebelião ocorrida na unidade.

Ele só foi solto porque os bandidos perceberam a movimentação de agentes do 14º BPM (Bangu), que montou uma operação para resgatá-lo, na tarde de ontem, mas mandaram um recado pelo agente: todos os que trabalham lá estão no alvo, pois entre os traficantes, há muitos ex-internos do Degase.

Sala de aula destruída durante motim%3A facção ameaça repetir torturaDivulgação / Sind Degase

Identificado como Israel Nunes, o agente passou pelo menos cinco horas sob tortura em uma região disputada pelo CV e pela facção rival Amigos dos Amigos (ADA). O alerta sobre o sequestro foi dado pela Polícia Civil, que monitora ligações telefônicas e mensagens de rádio dos traficantes locais.

No Santo Expedito, a situação ainda era preocupante ontem. “O clima ainda é tenso e agentes trabalham com medo. Estão assustados e apreensivos, pois sabem que a bomba podem explodir novamente e a qualquer momento”, relatou o presidente do sindicato da categoria, João Luiz Pereira Rodrigues.

“A unidade já era superlotada, agora a situação se agravou, pois incendiaram seis alojamentos. Em cada um deles deveria ter três internos, mas havia mais de 20”, avaliou o sindicalista. Ainda de acordo com ele, mais de 50 internos teriam se envolvido com o tumulto. “Esse grupo é formado pelos líderes dentro da unidade.”

Comissão da Alerj checa condições de educandário

Nesta quarta-feira, as deputadas estaduais Tia Ju (PRB) e Danielle Guerreiro (PMDB), presidente e vice-presidente, respectivamente, da Comissão de Assuntos da Criança, do Adolescente e do Idoso, da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), estiveram no Santo Expedito. A visita constatou o pequeno número de agentes (17) para tomar conta de 314 internos.

“Estamos aqui para entender a situação dos adolescentes e agentes. Sabemos das dificuldades dos profissionais. O sistema continua com problemas de superlotação. Se a ação for conjunta, o resultado virá mais rápido”, enfatizou Tia Ju.

Segundo a Coordenadoria dos Direitos da Criança e do Adolescente da Defensoria Pública Geral do Estado, o Educandário estaria acima do parâmetro legal de internação que seria, no máximo, de 90 internos. “Estamos atrás de esclarecimentos”, observou Daniele Guerreiro.

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