Por thiago.antunes

Rio - A Executiva Nacional do Psol aprovou nesta quinta-feira a suspensão imediata do deputado federal Cabo Daciolo (RJ). Assim, ele está impedido de falar em nome do partido e de participar de reuniões da bancada, além de ser obrigado a sair das comissões temáticas da Câmara. A expulsão de Daciolo deverá ser confirmada em reunião do Diretório Nacional do Psol, prevista para maio. Até lá, ele fica na legenda enquanto prepara sua defesa.

Há duas semanas, Daciolo anunciou que iria protocolar Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para incluir o texto “todo poder emana de Deus”. A bancada na Câmara tentou convencê-lo a desistir da ideia. Mas o bombeiro não voltou atrás e apresentou quarta-feira a proposta, revoltando o partido. “Meu corpo é o templo do Espírito Santo. Sou a favor do Estado laico, sou contra a religião. Acredito que meu Deus é o criador de tudo o que há”, afirmou Daciolo, em um discurso sem nexo.

Daciolo é reincidente. No diretório estadual, a paciência acabou na semana passada, quando o deputado eximiu de culpa os policiais militares acusados de torturar, matar e ocultar o cadáver do pedreiro Amarildo de Souza, desaparecido desde julho de 2013. A Executiva do Rio pediu sua expulsão e indicou que o parlamentar “envergonhava” o partido e sua militância.

Nesta quinta-feira, Daciolo participou em Brasília da primeira parte da reunião que sacramentou sua suspensão. Em discurso definido como “messiânico” pelos presentes, ele afirmou que quer ser o próximo presidente da República. “Tudo o que eu faço é porque estou sob o comando de Deus”, argumentou.

Na semana passada, Daciolo já havia causado constrangimento aos deputados federais do Psol, durante reunião da bancada. No encontro, ele começou a orar em voz alta sob a alegação de estar “falando diretamente com Jesus Cristo”.

Na segunda-feira, em reunião com servidores federais, Daciolo fez uma oração pedindo para que Deus iluminasse o diretório estadual do Psol.

As peripécias do cabo não param por aí. No dia em que foi diplomado deputado federal, Daciolo fez questão de tirar foto com o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ), causando revolta nos psolistas, ferrenhos adversários do parlamentar pepista.

Mandato está em disputa

A disputa a partir de maio será pelo mandato de Daciolo. A depender dos rumos que o processo irá tomar após a suspensão, o parlamentar poderá continuar com o seu mandato fora do Psol, ou o partido vai lutar por ele.

Nesse caso, quem assumiria seria o vereador Renato Cinco, eleito primeiro suplente em 2014. Durante a campanha eleitoral, Daciolo, que teve quase 50 mil votos, praticamente não fez campanha na TV. Seus votos vêm principalmente dos bombeiros e sua maior apoiadora é a ex-deputada estadual Janira Rocha.

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