Por marcello.victor

Rio - Treze dias após quatro homens armados roubarem pelo menos 16 pessoas em uma composição da Linha 1, entre as estações do Flamengo e de Botafogo, passageiros do metrô novamente foram vítimas de um arrastão, no fim da noite desta quarta-feira. Pelo menos sete registraram queixa na 10ª DP (Botafogo), após serem assaltadas entre as estações da Glória e do Catete. A polícia informou que já tem imagens de câmeras de segurança.

Um dos passageiros roubado, que preferiu não se identificar, contou que a ação ocorreu por volta das 22h30. Ele embarcou em uma composição na estação Uruguaiana, no Centro, com destino ao Catete, na Zona Sul. Segundo o homem, os criminosos já estavam no trem. Após o fechamento das portas na estação Glória, os cinco bandidos anunciaram o assalto. Um deles, de cerca de 40 anos, estava armado com uma pistola. Os outros quatro aparentavam ter em média 20 anos.

"Eles estavam em dois grupos. No início estavam com o foco em pegar os celulares. Depois acabaram levando tudo que podiam. Foi tudo muito rápido, entre uma estação e outra. Não foram violentos", relembrou a vítima. Um outro passageiro, que também preferiu não se identificar, confirmou que o grupo era formado por cinco homens, um deles armado de pistola. Com medo, outras vítimas não quiseram falar com os jornalistas na saída da delegacia.

Agentes do Metrô Rio estiveram na delegacia para acompanhar a ocorrência e transportar as vítimas para seus destinos.  A concessionária Metrô Rio informou que "está auxiliando as investigações policiais e prestando apoio aos seus usuários."

Arrastão há 12 dias

Na noite do dia 12, numa ação rápida, ousada, violenta e intimidatória, quatro bandidos - sendo dois armados com revólveres - roubaram passageiros de um vagão do Metro da Linha 1. Em poucos minutos, a quadrilha fez ameaças, roubou celulares, dinheiro, bolsas e laptop, entre as estações Largo do Machado e Flamengo, na Zona Sul carioca. Pelo menos 16 pessoas registraram ocorrência na 10ª DP (Botafogo).

A composição de modelo antigo não tinha sistema de câmeras de segurança. A Polícia Civil solicitou a concessionária MetrôRio imagens da estação para tentar identificar os criminosos. As vítimas criaram um grupo no aplicativo WhatsApp, intitulado 'Assaltados da Linha 1'. Eles pretendia acionar a empresa na Justiça.

A ação dos quatro homens no primeiro vagão da composição que seguia no sentido Ipanema começou pouco depois de uma discussão entre dois supostos passageiros, por volta das 21h45. Após a confusão e do trem sair da estação Largo do Machado, o grupo anunciou o assalto. Armados, os bandidos roubaram vários telefones celulares, jóias, relógios, bolsas, carteiras e aparelhos eletrônicos, como um laptop. Eles desembarcaram no Flamengo, estação seguinte, e fugiram. Cerca de 25 pessoas estavam no vagão na hora assalto. Apenas os idosos não foram vítimas do bando, além dos dois homens que discutiram.

"Estava mexendo no celular quando anunciaram o assalto. Eles foram extremamente agressivos, mandando que abaixássemos a cabeça e que entregássemos os pertences com rapidez. Pegaram a minha bolsa e foram colocando tudo o que era roubado de outros passageiros. Me levaram tudo. Só fiquei com a chave do carro porque estava no bolso. Uma passageira que não foi roubada me emprestou R$ 20", relembrou na delegacia, na ocasião, o professor universitário Antônio José de Figueiredo Pinto, de 49 anos, que embarcou na estação Cinelândia, após dar aula em uma faculdade na Lapa, e desembarcaria na estação General Osório, em Ipanema.

Segundo alguns passageiros, o grupo teria entrado na estação Central do Brasil. A desconfiança das vítimas é de que a discussão entre os dois homens serviu para desviar a atenção de quem estava no vagão antes do anúncio do assalto. Antes de fugir, os bandidos exigiram que ninguém desembarcasse na estação Flamengo, por onde o grupo fugiu. Todos desembarcaram apenas na estação seguinte, Botafogo, onde a segurança do Metrô foi acionada. A dupla que discutiu, porém, não foi mais vista.

Ainda tensa e agitada, a filha de Antonio, uma estagiária de Educação Física, de 34 anos, tentava entender a ação dos bandidos, questionava a discussão ocorrida e criticava a administração do Metrô. Mesmo não tendo levado as bolsas das mulheres que estavam no vagão, ela teve o celular, o relógio e a aliança de casamento levados pelos marginais.

"Ainda não entendi direito o que houve. Foi muito rápido. Acho que a discussão no vagão foi para despistar a atenção. Quando parou, começou o assalto. Não levaram as bolsas das mulheres talvez por causa do volume. O que a gente se pergunta é: como é que se entra armado no Metrô, se nem os seguranças andam armados? Nunca esperei ser assaltada no Metrô, considerado seguro. Você paga uma passagem cara e não tem segurança da concessionária", questionou a estudante, que pensa em acionar a empresa. O marido dela, que é taxista, revelou que a família mora em uma área de risco às margens da Avenida Brasil, na Zona Norte, mas que nunca foi vítima de assalto no próprio bairro.

Na época, segundo o delegado Rodrigo Brand, a Polícia Civil requisitou ao MetrôRio as imagens do sistema de câmeras de segurança das estações. O objetivo era comparar as informação passadas pelas vítimas com o banco de dados do órgão para tentar identificar os criminosos.

Imagens divulgadas pelo MetrôRio e pela mídia de um assalto com as mesmas características ocorrido na estação Pavuna, da Linha 2, em janeiro deste ano, foram mostradas às vítimas. Nenhuma delas, porém, reconheceu os participantes como sendo os mesmos que atacaram na Linha 1 nesta quinta-feira.

"Com isso, não há como afirmar que seja uma quadrilha especializada neste tipo de crime", disse Rodrigo Brand.

Trancados em sala

Além de ser vítima pela primeira vez de um assalto, um advogado de 37 anos questionou a atitude de seguranças do metrô na estação Botafogo após o roubo. De acordo com ele, todos os passageiros que estavam no trem foram levados para uma sala na estação, onde ficaram trancados por cerca de meia hora. A alegação dos funcionários era de que transporte estava sendo providenciado para que eles fossem levados à 10ª DP (Botafogo).

"Ficaram três seguranças conosco. Pediram nossos nomes e o que tinha sido roubado de nós. Disseram para aguardar que iríamos ser levados para a delegacia. Estavam tentando abafar o caso. Estou há três horas aqui sem dinheiro, sem comida e sem a chave de casa. Levaram minha mochila com tudo. Só safei o celular que escondi embaixo da perna. Nunca imaginei que ia ser roubado no Metrô, considerado o transporte mais seguro do Rio", esbravejou o advogado.

Procurada, a concessionária Metrô Rio se limitou a dizer que está prestando "total assistência aos usuários" e auxiliando a polícia com o fornecimento das imagens do incidente.

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