Por felipe.martins

Rio - A audácia de criminosos parece não ter limites. Um dia após mais um caso de arrastão nos trens do metrô, o Túnel Zuzu Angel, Zona Sul do Rio, foi palco de momentos de tensão. Nem eram 6h quando um grupo de bandidos em pelo menos quatro motos fechou a galeria no sentido Gávea e roubou vários motoristas. Após a ação, policiais foram chamados e houve perseguição até a Lagoa. Um dos suspeitos, identificado como Rodrigo do Nascimento, foi preso.

Segundo relatos de testemunhas, um dos bandidos deu um tiro para o alto e outro para trás, que serviram como uma autorização para que os outros criminosos começassem o arrastão. Uma das vítimas contou que pelo menos sete pessoas tiveram seus pertences roubados. A polícia foi acionada após uma motorista se desesperar e abandonar o veículo.

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Os PMs entraram a pé no túnel e começaram a perseguição, que só terminou na Lagoa. "Eles alinharam as motos e, depois dos disparos, os caronas desceram apontando armas para os carros. Eles levaram meus pertences e ainda tiraram a chave da ignição para que o trânsito ficasse preso", disse uma testemunha.Na fuga, um dos bandidos derrubou um motociclista.

Arrastão%2C perseguição policial que se estendeu à Lagoa e operação visando motocicletas tumultuaram trânsito na saída do túnel Zuzu Angel Fabio Gonçalves / Agência O Dia

A situação expõe uma dura realidade: se locomover pelas principais vias da Região Metropolitana ou utilizar os modais de transporte, alguns antes considerados seguros, exige novas estratégias. Segundo dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), a maior quantidade de ocorrências de roubos de veículos, de cargas e em coletivos ocorre nas regiões de São João de Meriti, Ricardo de Albuquerque, Duque de Caxias, Pavuna e Bonsucesso.

“Esses crimes ocorrem em locais onde os bandidos têm facilidade de entrar em uma comunidade ou existem rotas de fuga variadas. A polícia conhece todos esses pontos, mas o efetivo não é suficiente. A migração ocorre e não se consegue combater”, enfatiza o especialista em segurança Paulo Storani.
Entre dezembro de 2014 e janeiro e fevereiro deste ano, a 64ª DP (São João de Meriti) — em dois meses — e 31ª DP (Ricardo de Albuquerque) lideraram as estatísticas de roubo a carros com uma média de quatro registros de veículos roubados por dia. Em dezembro e janeiro, a 39ª DP (Pavuna) concentro teve mais ocorrências de roubos a cargas (63 e 75). Em fevereiro, a 59ªDP (Duque de Caxias) ficou na frente: 47 casos.

Pavuna e Bonsucesso: os mais perigosos para quem vai de ônibus

Nos roubos em coletivos, a região da 21ª DP (Bonsucesso), que incorpora boa parte da Avenida Brasil e Linha Vermelha, concentra a maior quantidade de ocorrências. Em dezembro de 2014 e fevereiro deste ano foram, respectivamente, 58 e 30 casos, os maiores índices do estado. A área da 39ª DP (Pavuna) foi a campeã em fevereiro: 51 crimes.

“Apesar de essas áreas não mudarem muito, hoje há uma migração das ações, já que a diminuição do poder do traficante o obrigou a buscar outras fontes de recurso”, completou Storani. Após o assalto na manhã de ontem, apenas duas vítimas procuraram a 14ª DP (Leblon) para registrar a ocorrência. O fato também serve de alerta, já que o número de casos pode ser bem maior do que oficialmente é comunicado à Polícia.

Moradores contam estratégias para sobreviver à violênciaFernando Souza e João Laet / Agência O DIA

Estatísticas do site Onde Fui Roubado mostram que desde 2012 mais de quatro mil pessoas usaram o aplicativo para relatar ações que sofreram. No entanto, apenas 44% das vítimas prestaram queixa e formalizaram a reclamação à polícia. Segundo os dados da página, foram pelo menos 560 casos de assaltos a coletivos e 274 veículos roubados.

Como o site concentra as ocorrências cometidas apenas na cidade do Rio, o ranking de casos difere um pouco dos dados oficiais. Segundo levantamento, as regiões, sequenciadas, do Centro, da Barra da Tijuca, de Copacabana, Botafogo, Ipanema, da Tijuca, do Maracanã, Meier, de Bangu e do Leblon apresentam os índices mais altos.

Reportagem de Athos Moura, Felipe Freire, Flora Castro e Lucas Gayoso

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