Rio - O marido de Elizabeth Alves de Moura Francisco, de 41 anos, esteve na manhã desta quinta-feira no Instituto Médico Legal (IML), no Centro, para a liberação do corpo de sua companheira por 22 anos e com quem era casado oficialmente por quase 15. Revoltado, ele apontou o despreparo dos policiais que atuam na Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Alemão e culpou o Estado pela morte da esposa. Elizabeth foi morta por um tiro dentro de casa, na tarde de ontem, durante um intenso tiroteio no conjunto de favelas na Zona Norte do Rio.
Segundo Carlos Roberto Francisco, de 59 anos, a residência estava cheia e sua esposa correu para fechar a porta no momento em que os disparos começaram. Ela acabou sendo atingida na sequência. Os policiais da UPP teriam atirado de um beco para cima de uma laje, o que poderia causar a morte de qualquer pessoa. "Segundo meu vizinho, ele (policial) botava o revólver dentro do beco e dava tiro lá para dentro. Minha esposa estava deitada no chão e o meu filho falou que o policial disse assim 'corre ai gente, arruma um carro particular para levar ela para o hospital'. A pessoa não tava preparada", desabafou.
Carlos Roberto afirmou que esperava pela diminuição da violência na região com a chegada da Unidade de Polícia Pacificadora mas, na sua visão, a situação piorou desde então. Ele aponta o rápido treinamento dos policiais e o consequente despreparo como responsáveis pela escalada de violência que faz vítimas inocentes. "Na verdade, eles (os PMs) atiram sem nem saber para onde. Não têm treinamento", disse.
Segundo ele, Elizabeth estava feliz nos últimos dias por conta da reforma que iriam fazer na casa, transformando a laje em um segundo andar com mais cômodos. Ela deixa três filhos, uma menina de 6 anos, a adolescente de 16 baleada também durante o tiroteio, e um rapaz de 22 anos.