Rio - O valor que a Rockworld — empresa organizadora do Rock in Rio — anunciou que vai cobrar para cada dia da próxima edição do festival é R$ 90 mais caro do que o preço aprovado pelo Ministério da Cultura para a concessão do benefício fiscal da Lei Rouanet, em 2014, como antecipou ontem o jornal ‘Folha de S. Paulo’. Segundo os organizadores, os ingressos vão ser vendidos por R$ 350 (inteira).
Quem recebe salário mínimo terá que desembolsar quase metade do orçamento mensal para acompanhar um dia de festival, que acontecerá entre 18 e 28 de setembro. O Ministério da Cultura notificou a empresa por aumento indevido e exigirá a devolução do valor cobrado em excesso para os consumidores.
No projeto em que a Rock World solicitou autorização para captar R$ 23,3 milhões, via lei de isenção fiscal, o compromisso era de cobrar R$ 260 pela entrada inteira. Após análise do Ministério, houve redução do valor pedido e foi aprovada a captação de R$ 18,3 milhões, conforme publicou a coluna ‘Informe do DIA.’
Cinco meses após a aprovação, a empresa solicitou aumento nos valores dos ingressos para R$ 320 (inteira) e R$ 160 (meia). Antes de receber aprovação para realizar o aumento, em 18 de novembro, a empresa fez pré venda on-line de 100 mil ingressos cobrando o valor com acréscimo. As entradas se esgotaram em 40 minutos.
Em fevereiro deste ano, o Ministério não aceitou o pedido de aumento, alegando falta de justificativas. A Rock World tem até 7 de abril para prestar esclarecimentos. Porém, a venda dos ingressos pela internet está aberta aos portadores do cartão Platinum do banco Itaú, patrocinador do evento. A inteira sai por R$ 350 e a meia entrada, por R$ 175.
A venda para o público geral ainda não tem data definida mas deve acontecer em abril. Procurada, a organização do festival informou, em nota, que poderá devolver os valores se necessário.
“O Rock in Rio esclarece que mantém relação de total transparência com o Ministério da Cultura e, em sendo necessários eventuais ajustes no decorrer da parceria, estaremos dispostos a fazê-los”, diz o texto enviado pela empresa.
TCU pode inciar ação
Caso os organizadores do evento não devolvam os recursos conforme pedido do Ministério da Cultura, a Rock World pode ser considerada inadimplente, o que levaria a uma ação do Tribunal de Contas da União.
O valor aprovado pelo Ministério da Cultura para captação, de R$ 18,317 milhões, é 55% maior que o autorizado na última edição do evento, em 2013.
Depois de saber os valores de ingressos, o comerciante Thiago Almeida, de 25 anos, desistiu de ir ao festival em setembro. “Por R$ 260 eu já achava caro, mas com esse aumento é impossível! Não posso pagar tudo isso para ir em um dia e acho que a maioria dos cariocas também não”, desabafou.
Reportagem de Lucas Gayoso