Por adriano.araujo

Rio - O pai de Davydson Monteiro da Silva, de apenas 15 anos, baleado durante tiroteio na Fazendinha, no Complexo do Alemão, negou que o filho tenha envolvimento com o tráfico de drogas na região ocupada por uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). Segundo a UPP, com o adolescente foi encontrada uma pistola e ele teria participado do confronto com os policiais.

"Não acredito que meu filho seja bandido e que ele estivesse com uma pistola trocando tiros com a polícia", disse Waldenir Pereira da Silva. Ele agradeceu também o socorro que o filho teve por parte de quem mora na região, que, segundo ele, garantiu que o filho ainda estivesse vivo. "Agradeço a Deus que foi um morador que o socorreu e não um policial, senão ele estaria morto", falou. Entretanto, Waldenir disse que o filho abandonou os estudos e dorme algumas vezes fora de casa.

Elisabeth foi morta com um tiro na boca%2C dentro de casa%2C enquanto do lado de fora policiais trocavam tiros com bandidosReprodução Facebook

Davyson passou por cirurgia e está no CTI do Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha. Segundo informações, ele não corre risco de morte. Inicialmente foi informado que o jovem não teria resistido aos tiros e morrido no hospital, o que de fato não aconteceu.

De acordo com a Coordenação de Polícia Pacificadora, policiais dos batalhões de Choque e do Bope reforçam o patrulhamento nas UPPs do Alemão, Fazendinha e Nova Brasília. Não há informações de confrontos na região nesta quinta-feira. 

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Dia violento no Complexo do Alemão

Três mortes ocorreram na tarde e noite de desta quarta-feira, duas delas de suspeitos, segundo a polícia, e outra de uma moradora que estava dentro de casa e foi atingida por uma bala perdida. Indignados com a violência, que segundo moradores já dura 90 dias consecutivos com tiroteios constantes, muitos usaram as redes sociais para protestar e mostrar revolta com a situação.

"Amigos, se continuar assim, hoje foi esta senhora, amanhã quem será? E depois de amanhã? Morrem os adultos, as crianças ficam orfan (SIC), se morre uma criança é o nosso futuro destruído. Não dá para continuar assim, temos que fazer a manifestação pacífica sim", defendeu uma moradora.

Elizabeth Alves de Moura Francisco tinha 41 anos e trabalhava em uma creche da comunidade. Ela foi atingida dentro de sua casa na localidade da Alvorada, próximo à Rua 2, por dois tiros, um deles na boca. Sua filha, de 16 anos, também foi atingida por um tiro no braço e foi levada para o Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha. Não há informações sobre o seu estado de saúde.

“É um absurdo a pessoa não estar livre de tanta violência nem mesmo dentro de casa. Minha tia era uma pessoa maravilhosa e que vai fazer muita falta para todos nós”, desabafou a sobrinha de Elisabeth, Keiny Francisco, de 26.

Um suspeito, identificado como Farinha, foi morto a tiros em frente à casa de Elisabeth. Já o jovem morto nesta manhã levou quatro tiros e passou por cirurgia, também no Getúlio Vargas. Agentes da Delegacia de Homicídios realizaram perícia e vão recolher as armas dos policiais militares para tentar descobrir de quem partiu o tiro que matou Elizabeth.

Por volta de 20h30, moradores denunciaram, por redes sociais, que um jovem teria sido torturado e morto na área do Canitar. Durante a madrugada policiais da UPP do Alemão registraram na 22ª DP (penha), a morte de Mateus Gomes Lima, de 18 anos.

Segundo os PMs, Mateus foi baleado e socorrido no HGV, após um confronto com marginais durante a troca de turno do policiais. Uma pistola 9mm foi apreendida e apresentada como sendo do suspeito. A família nega que ele tivesse envolvimento com a quadrilha que atua no tráfico de drogas na comunidade.

Com informações de Flávio Araujo

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