Rio - O anúncio do Comando da Polícia Militar sobre a devolução de 302 viaturas Renault Logan deixou os batalhões em alerta vermelho. As unidades mais atingidas são da Baixada Fluminense, Niterói, São Gonçalo e Zona Oeste. Só os quartéis de Mesquita e Duque de Caxias vão ter baixa de 84 veículos, como revela lista à qual O DIA teve acesso. As regiões têm alto índice de violência.
Nos bastidores, comandantes de vários batalhões alegam que o patrulhamento nas ruas vai ser o mais prejudicado. A Avenida das Américas, na Barra da Tijuca, pode ter o policiamento reduzido, já que o 31º BPM (Recreio dos Bandeirantes) vai devolver 13 carros.
Na Baixada Fluminense, o corte mobilizou até o prefeito de Duque de Caxias, Alexandre Cardoso (PTB). Ontem, reunido com o governador Luiz Fernando Pezão para discutir a questão das enchentes no município, ele aproveitou para fazer um apelo e tentar reverter a situação de Caxias, que passará a operar com 63 viaturas.
Em resposta, ouviu que o governo vai fazer um esforço para evitar ao máximo o corte. Na lista, o Palácio Guanabara só perde um carro com a ‘tesourada’ na frota.
Em nota oficial, a corporação informou que o Estado-Maior já tem um plano de redistribuição da frota, mas não deu detalhes de como o projeto seria executado. Atualmente, a PM tem dois contratos de locação com a CS Brasil Transportes de Passageiros e Serviços Ambientais Ltda.
No primeiro, assinado em 2011, foi estabelecido o fornecimento de 1.306 carros até o segundo semestre do ano que vem. Outra contratação, feita em 2013, abrange 1.137 veículos e tem validade, também, até o segundo semestre de 2016.
Segundo outro trecho da nota da PM, as viaturas devolvidas “estavam emprestadas para a Polícia Militar desde outubro do ano passado, sem custo para a corporação”. O reforço era para ajudar no policiamento de fim de ano e Carnaval. Muitos comandantes alegam que não há como substituir os postos ocupados por viaturas por policiamento a pé.
Na área da segurança, a crise financeira atinge ainda as delegacias da Polícia Civil. Muitos delegados reclamam que os investigadores não podem mais ligar para celulares de todos os telefone das unidade — muitas vezes, isso só pode ser feito do aparelho que fica na sala do delegado. O corte de custos atrapalha as investigações. Atendentes terceirizados também sofrem com atraso salarial.