Por marcello.victor

Rio - Cerca de 300 moradores do Morro do Alemão, no Complexo do Alemão, na Zona Norte do Rio, realizaram no fim da noite de quinta-feira, um ato pela paz após a morte à tarde do menino Eduardo de Jesus Ferreira, de 10 anos. Enquanto isso, parentes da criança prestavam depoimento na Divisão de Homicídios (DH), na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, responsável pela investigação do caso.

Guerra sem fim no Alemão prejudica acesso a serviços de saúde e educação

PMs do Batalhão de Choque que se envolveram na troca de tiros com traficantes, que culminou na morte da criança, tiveram as armas apreendidas e também foram ouvidos na madrugada desta sexta-feira. O policiamento está reforçado na região.

Eduardo Ferreira estava sentado com o caderno escolar na porta de casa quando foi atingidoReprodução

Com velas e em silêncio, o grupo de moradores caminhou pela Rua Joaquim Queirós, do localidade do Areal, onde Eduardo foi baleado na porta de casa, até a Estrada do Itararé, principal acesso ao Morro do Alemão. Lá eles depositaram as velas na entrada da comunidade. Quem mora no Complexo do Alemão tem reclamado das constantes e intensas trocas de tiros nos últimos 90 dias. O fato também foi lembrado durante o protesto. Só nas últimas 48 horas, quatro pessoas morreram - duas vítimas de balas perdidas e dois apontados como suspeitos.

Gritando palavras de ordem contra o governador Luiz Fernando Pezão, eles também lembraram da morte da dona de casa Elizabeth Alves de Moura Francisco, 41, na tarde quarta-feira. Ela e a filha de 16 anos foram vítimas de balas perdidas dentro de casa, na localidade do Areal, na Favela Nova Brasília, em tiroteio entre bandidos e policiais militares. Ambas foram socorridas no Hospital Estadual Getúlio Vargas (HGV), na Penha, mas a mãe não resistiu. A adolescente teve alta. No mesmo confronto, um suspeito foi morto na porta da casa dela, outro morreu no hospital e um PM ficou ferido. O ato terminou por volta das 23h.

O corpo de Eduardo permanece no Instituto Médico Legal (IML), em São Cristóvão. Segundo uma funcionária, até às 3h desta sexta-feira nenhum parente tinha estado na unidade. Eles são aguardados no início da manhã para liberação do corpo. Inclusive a mãe do menino, a doméstica Terezinha Maria de Jesus, 40. Ela acusou PMs de terem atirado em Eduardo e os chamou de covarde após o crime. Nas imediações do Complexo do Alemão, a segurança foi reforçada por PMs do 16º BPM (Olaria), do Batalhão de Choque e de outras UPPs.

Em nota oficial, o governador Luiz Fernando Pezão comentou quinta os recentes episódios de violência. “É minha também a dor das famílias vitimadas. Lamento profundamente e determinei empenho máximo à polícia nas investigações para que os culpados sejam punidos”.

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