Por paloma.savedra

Rio - A violência no Complexo do Alemão, na Zona Norte do Rio, será alvo de discussão e investigação do Congresso Nacional. Os parentes das vítimas que morreram baleadas em confrontos no conjunto de favelas serão ouvidas por deputados membros da recém-instaurada CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que apura a violência contra jovens negros e pobres no país.

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O anúncio foi feito nesta segunda-feira pelo deputado federal Jean Wyllys (Psol-RJ) durante encontro entre os familiares das vítimas e as comissões de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) e   da Câmara Federal, na Alerj, no Centro do Rio. Segundo o parlamentar, membros da CPI que investiga a morte de jovens negros virão ao Rio para ouvir as famílias das vítimas de confrontos no Alemão. Ele acredita que os casos estão relacionados e precisam ser investigados pela comissão. 

Parentes de vítimas da violência no Alemão se reuniram com o deputado estadual Marcelo Freixo(Psol) e os deputados federais Jean Wyllys (Psol) e Paulo Pimenta (PT)Daniel Castelo Branco / Agência O Dia

O parlamentar lembra ainda que uma das principais reclamações dos moradores da região é a falta de investimento no conjunto de favelas. Os moradores reclamam que a intervenção é só bélica. E quando falam em avanços na área, pensam em colocar mais policiais, e não na entrada de serviços.

Também participaram do encontro entidades que atuam em defesa dos moradores das comunidades da região e os presidentes das comissões da Câmara e da Alerj, Paulo Pimenta (PT), e Marcelo Freixo (Psol), respectivamente. Estavam presentes os familiares de Elizabeth Alves, de 41 anos, morta dentro de casa na última quarta-feira; e do jovem Caio Moraes da Silva, de 20, vítima dos confrontos na região, em maio de 2014. 

Após o encontro, a Alerj decidiu fazer nova audiência para tratar do problema no Complexo do Alemão, e outra para questionar as condições de trabalho e as ações policiais.

Filho de Elizabeth afirma que policial matou sua mãe

Irmã de Elizabeth, Ana Alves de Moura estava ao lado da vítima quando ela foi alvejada. Ela também se reuniu com os parlamentares na Alerj e logo foi à Divisão de Homicídios (DH), na Barra da Tijuca, para prestar depoimento. Familiares do menino Eduardo de Jesus Ferreira, de 10 anos, não estiveram no encontro. O enterro da vítima será realizado hoje, no Piauí. 

Filho de Elisabeth, Maycon de Moura, de 21 anos, reclamou de o governo estadual não ter prestado assistência à sua família. Ele chegou a afirmar ainda que reconhece o policial que atirou na sua mãe. "A minha mãe tinha acabado de chegar em casa. Ela quis fechar a porta para proteger os filhos. O policial disse que se assustou, que viu alguém na nossa laje e atirou por isso. Nada do que eu falar aqui vai trazer a minha mãe de volta", relatou o jovem.

"Só falta o governo do estado tomar alguma providência. O pior é que meu irmão de 6 anos viu tudo e o governo não procurou a gente. E depois disso tudo o policial que matou a minha mãe estava de olta ao serviço no dia seguinte", afirmou Maycon. 

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