Por felipe.martins

Rio - Mais de 30 creches comunitárias de São Gonçalo, que se sustentam com recurso municipal, ameaçam encerrar suas atividades devido à falta de dinheiro. As instituições acusam a prefeitura de atraso no repasse de verba do governo federal. O DIA esteve em uma unidade na terça-feira, no bairro Anaia Pequeno, e presenciou o fim ao atendimento de 110 crianças. O município alega que não realizou pagamento porque as creches não fizeram a prestação de contas.

A crise que atinge as creches comunitárias pode prejudicar mais de cinco mil crianças. No Jardim Catarina, por exemplo, a unidade mais antiga, a Coração de Maria, com 100 crianças cadastradas, se afunda em dívidas. “Estou fazendo um esforço enorme para não fechar as portas em nome do meu amor pela comunidade, porque estamos devendo a todos no bairro”, contou a dona da instituição, Maria de Lourdes Ribeiro, de 67 anos. Ela está atrás de patrocínio para amenizar a crise.

Na sala de aula vazia%2C a pedagoga Viviane diz que passa pela pior crise<Fabio Gonçalves / Agência O Dia

A unidade e outras 38 creches comunitárias do município são conveniadas à Prefeitura desde a década de 90, através do Ministério da Educação. Para uma unidade com aproximadamente 100 crianças, o repasse chega a R$ 20 mil por mês. Em nota, a Prefeitura informou que a transferência de verba depende da aprovação da prestação de contas, e que algumas unidades estão em atraso com as informações. A renovação do contrato das creches com o município para este ano, que também está atrasada, ainda não tem prazo de ser restabelecida.

DÍVIDAS

Com dívidas que passam dos R$ 50 mil, a única creche no bairro Anaia Pequeno fechou suas portas esta semana. Os 12 funcionários da Amigos do Anaia não recebem salários há quatro meses, mesmo período em que a unidade aguarda a verba. “Levei até onde consegui, mas não tenho mais o que dizer aos meus funcionários. Foi com muita dor no coração que encerrei as atividades”, desabafou o presidente da creche, Edilson dos Santos, 51. Há 15 anos, ele recebe 110 crianças, de 2 a 5 anos, das 7h às 17h.

O fechamento deixou os pais desesperados.“Uma cuidadora cobra R$ 250 por mês e na creche eu não pagava nada”, contou a cozinheira Maria Rita Teixeira, 30. Os funcionários também não sabem o que fazer. “Estamos enfrentando a pior crise da existência da creche”, ressaltou a pedagoga da unidade, Viviane dos Santos.

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