Por felipe.martins

Rio - Moradores, estudiosos, representantes de ONGs e policiais se uniram em um minuto de silêncio em memória das vítimas do que chamaram de “guerra insana” no Complexo do Alemão, na abertura do Fórum ‘Alemão: Saídas para a Crise’. O evento é uma parceria do DIA com o Instituto de Estudos da Religião (Iser) e o Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (Cesec), da Universidade Cândido Mendes, e foi promovido nesta quinta-feira à noite na sede do Iser, na Glória.

“É um momento de muita angústia na vida da cidade”, afirmou a coordenadora do Cesec, a cientista social Sílvia Ramos, sobre o panorama no conjunto de favelas que foi palco de mortes de inocentes, como o menino Eduardo de Jesus Ferreira, de 10 anos, com um tiro de fuzil na cabeça, semana passada.

No Fórum ‘Alemão%3A Saídas para a crise’%2C moradores questionaram autoridades e sugeriram mudançasFernando Souza / Agência O Dia

A presidente do Espaço Democrático de União, Convivência, Aprendizagem e Prevenção (Educap), Lúcia Cabral, criticou a ausência de políticas sociais nas comunidades. “Nos últimos anos, o Alemão tem recebido muita polícia e muita arma. Em vez disso, precisamos de mais programas sociais. Os governantes deveriam lembrar que quem mora ali (no Alemão) são pessoas.”

A experiência positiva da Favela Santa Marta, em Botafogo, onde foi implantada a primeira UPP, em dezembro de 2008, foi ressaltada como um caminho possível. “A UPP não é a solução de todos os problemas. Perturbei todos os secretários estaduais e coronéis da polícia. Passamos a levar os problemas a quem pode resolvê-los”, recordou José Hilário, presidente da Associação de Moradores do Santa Marta.

O encontro, mediado pelo jornalista André Balocco, reuniu cerca de 200 pessoas e contou com a presença do vice-prefeito do Rio, Adilson Pires e do chefe do EstadoMaior da PM, coronel Robson Rodrigues. Pires conhece bem a realidade nas favelas da cidade e contou sua própria experiência de morador da Vila Aliança, em Bangu. “Não posso voltar depois das 22h. É perigoso”, lamentou o vice-prefeito, que também se comprometeu a ser porta-voz de propostas das comunidades junto ao poder municipal.

Para o coronel Robson, o processo de pacificação não deve ser conduzido somente pela polícia. “O ideal seria que a sociedade assumisse o processo. Gostaríamos de garantir apenas a segurança. Tem muita conflagração, policiais tensos e sem oportunidade de avançar”, afirmou.

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