Por felipe.martins

Rio - O jovem E. tem carteira assinada há quatro como tecelão. Na segunda-feira, ao descer do segundo andar da casa dele, na Rua do Rio, Favela do Jacarezinho, foi abordado por um PM da UPP local que revistava três jovens. E., de 26 anos, também entrou na revista. Logo, outro policial militar começou a bater nos quatro, que estavam com as mãos na parede, com um pedaço de pau.

“Meu irmão pediu pelo amor de Deus para não apanhar, explicou que é trabalhador, disse que ia buscar a carteira que estava em casa, mas não adiantou. Ele, então empurrou o PM e correu. Foi quando levou um tiro na perna que atravessou a panturrilha dele”, contou o comerciante A., de 34, que socorreu o irmão até o Hospital Salgado Filho, no Méier.

O DIA recebeu pelo WhatsApp (98762-8248) imagens da abordagem. A mesma filmagem foi encaminhada à 25ª DP (Engenho Novo). “Na delegacia, os PMs disseram que meu irmão tentou pegar o fuzil do policial, porém, na filmagem, dá para ver que a arma está pendurada no ombro dele e meu irmão só encosta no porrete, empurra a madeira, pois já tinha levado duas pancadas”.

Em nota, a Polícia Civil informou que “os policiais militares levaram à delegacia um homem que seria autor de resistência, mas no mesmo dia, recebeu o vídeo”.

Ainda segundo o comunicado, os PMs terão que prestar novo depoimento e uma cópia do procedimento será encaminhada à Corregedoria da Polícia Militar. A Coordenadoria de Polícia Pacificadora explicou que está analisando as imagens e os policiais estão sendo ouvidos. Um procedimento apuratório foi aberto para investigar as circunstâncias dos fatos.

“Quando socorri meu irmão, os PMs me pararam, me intimidaram e me multaram porque eu estava de moto e sem chinelo. Estamos abandonados. Não se pode nem contar com as autoridades. Isso é um completo absurdo”, desabafou A. Segundo ele, E. está com medo de represálias e não quer dar entrevistas.

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