Rio - Enquanto a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) se reúne com representantes da associação de moradores do Complexo do Alemão, o deputado estadual Flávio Bolsonaro (PP-RJ) ouve PMs que atuam no conjunto de favelas e 'vistoria' bases das quatro UPPs da região (Adeus/Baiana, Fazendinha, Alemão e Nova Brasília).
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Ao lado do irmão — e também deputado estadual pelo PSC de São Paulo — Eduardo Bolsonaro, Flávio afirmou que a medida tem como objetivo oferecer segurança aos policiais que trabalham em condições de alta periculosidade. Há cerca de três meses, a população convive com intensos tiroteios entre policiais e bandidos. A crise na segurança levou o comandante da PM, coronel Alberto Pinheiro Neto, a anunciar, nesta quinta-feira, mudanças no policiamento na região, como a realocação de bases avançadas.
"Estamos fazendo um contraponto, porque os PMs também são seres humanos, como os moradores", disse Flávio, que acrescentou: "É um trabalho complementar ( ao de ouvir os moradores). Mas vamos ouvir também a comunidade. Os policiais são sempre esquecidos", declarou o parlamentar, que pretende tomar alguma iniciativa para "permitir que o Estado se estebeleça no Complexo do Alemão".
Mesmo atuando em São Paulo, Eduardo Bolsonaro acompanhou o trabalho de Flávio e criticou a situação das UPPs: "Os policiais são muito corajosos, pois é um trabalho muito perigoso. Vi muitas marcas de tiros nas fachadas de UPPs e eles trabalham em péssimas condições", opinou.
Já o deputado estadual e presidente da comissão de Direitos Humanos da Alerj, Marcelo Freixo (Psol), questionou a presença de Flávio Bolsonaro e disse que ele "quer criar uma polarização que não existe".
"Não é momento de brigas ou de pensar em ganhar votos em cima da situação. É o momento de debater a questão do complexo como um todo", falou, deixando claro que vai ouvir os moradores e também os policiais que trabalham nas UPPs.
Freixo disse que acontecerá uma audiência pública no próximo dia 28 para discutir a questão da violência no Complexo do Alemão. Uma outra audiência, marcada para o dia 4 de maio, o parlamentar deseja que seja realizada no complexo.
Em sua conta no Twitter, no início da tarde desta sexta-feira, o Governo do Estado negou que exista toque de recolher no Complexo do Alemão. No post, pediu que moradores do conjunto de favelas denunciem a prática, através de sua ouvidoria, no Campo da Torre, na localidade conhecida como Nova Brasília, onde fica uma das Unidades de Polícia Pacificadora da região.