Por paulo.gomes
Família levará o corpo de Raimunda Claudia Rocha Silva, morta na Maré, para ser sepultado no Maranhão, onde moram os pais da comercianteReprodução

Rio - O sonho de uma vida melhor foi mais uma vez interrompido pela violência do Rio de Janeiro. Vinda do Maranhão há 30 anos, a comerciante Raimunda Claudia Rocha Silva, de 46 anos, morreu na terça-feira, atingida por uma bala perdida dentro de casa, no Complexo da Maré, onde morava há mais de duas décadas. Na manhã desta quarta, na porta do Instituto Médico Legal (IML) onde aguardam a liberação do corpo, familiares da vítima lamentavam sua trágica morte.

"Ela falava em voltar para o Maranhão por causa da violência", lembra Policarpo Rocha, um dos sete irmãos de Cláudia.

Segundo a família, o sepultamento será na cidade de Coroatá, no Maranhão, onde moram os pais da vítima. A data ainda não foi confirmada.

Mãe de duas filhas (23 e 10 anos), Cláudia estava com a caçula em casa quando foi atingida por um tiro na cabeça durante confronto entre traficantes e militares da Força de Pacificação, na Vila do João. A menina foi quem pediu ajuda para a mãe na loja que pertence à família. Até o final da noite de terça, a criança não sabia da morte da comerciante.

"O pior que a gente sabe que não vai dar em nada. Ela vai ser mais uma entre tantas", desabafou Ana Nunes, 23 anos, sobrinha de Cláudia.

'Vítima estava afastada quando foi atingida', diz nota do Exército

De acordo com nota emitida pelo Exército, os militares estavam em patrulhamento, próximo à Travessa 13, quando foram atacados por suspeitos com disparos de fuzil e pistola e revidaram. Logo depois do confronto, os soldados foram alertados por moradores de que Cláudia teria sido baleada. Ainda segundo a versão da Assessoria de Imprensa da Força de Pacificação, a vítima estaria ‘numa posição afastada e à retaguarda da tropa, quando foi atingida’.

Familiares de Raimunda Claudia Rocha Silva estiveram na manhã desta quarta-feira%2C no Instituto Médico Legal%2C para liberar o corpo da comercianteEstefan Radovicz / Agência O Dia

Cláudia foi baleada na Rua 2, próximo à principal via da Vila do João. Pouco antes de ela ser baleada, moradores relatavam intensos tiroteios em diferentes localidades do conjunto de favelas — como Pinheiro e Morro do Timbau. A Divisão de Homicídios (DH) da Capital realizou perícia de local e vai ouvir os militares envolvidos no confronto para tentar descobrir de onde partiu o tiro que matou a comerciante.

No mesmo comunicado, a Força de Pacificação defendeu a atuação da tropa na Maré. “A Força de Pacificação tem priorizado, em todas as situações, a segurança da população. Seus integrantes passam por treinamento constante e são militares profissionais com experiências adquiridas no Haiti e na pacificação dos complexos do Alemão e da Penha. Por fim, a Força de Pacificação continuará empreendendo esforços para garantir a segurança da população e desarticular as facções criminosas na área da Maré”, diz a nota.

Reportagem de Clara Vieira

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