Por nicolas.satriano

Rio - Os guardas municipais, funcionários da Comlurb e possivelmente os dos setores de Saúde e Transporte terão as folgas compradas durante a Olimpíada, que vai acontecer entre os dias 5 e 21 de agosto do ano que vem. No caso dos garis, há expectativa de pagamento de hora-extra. O anúncio foi feito, ontem, pelo prefeito Eduardo Paes, na coletiva para apresentar os últimos dados do Plano de Políticas Públicas, o chamado legado olímpico. Segundo ele, “certamente a Polícia Militar” vai tomar a mesma iniciativa do município.

As obras para implementação do corredor Transbrasil%2C que atualmente interrompem duas faixas e meia na Avenida Brasil%2C serão suspensas por três ou quatro meses em 2016Fernando Souza / Arquivo Agência O Dia

“(Na) Guarda Municipal, durante a Olimpíada, vamos fazer como na Copa do Mundo: comprar folga. Certamente, a PM vai fazer isso também. Na Comlurb, (...) vamos segurar férias, comprar folga, pagar mais hora extra. (...) O nosso setor de saúde (...) vai estar (também). Ou seja, a cidade vai estar sendo pressionada na prestação de serviços públicos, de maneira mais intensa. Você vai ter mais operação de trânsito. Imagina a corrida, a maratona de bicicleta, o ciclismo de estrada. São 250 quilômetros dentro da cidade”, afirmou Paes. Ele estava acompanhado do secretário de Estado da Casa Civil, Leonardo Espíndola, e do presidente em exercício da Autoridade Pública Olímpica (APO), Marcelo Pedroso.

Até o momento, dos 27 projetos — em infraestrutura, mobilidade, meio ambiente, urbanização, esporte, educação e cultura — que devem ficar prontos até as competições, 24, ou seja 89%, estão em execução. Três já foram concluídos, como o Laboratório Brasileiro de Controle de Dopagem, na Ilha.

Garis da Comlurb receberão mais horas extras durante a OlimpíadaBruno de Lima / Arquivo Agência O Dia

A má-notícia é que o custo das obras teve um aumento de 2%, que em números absolutos representam R$ 500 milhões, de abril de 2014 até o mês atual. Pulou de R$ 24,1 bilhões para R$ 24,6 bilhões. Mais da metade é pago com dinheiro público, 57%. Os outros 43% vêm do setor privado.

A prefeitura é responsável por 14 dos projetos, entres eles estão o Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT), o Transoeste, o Transolímpica e a duplicação do Elevado do Joá. Todos estão na chamada maturidade 4, quando as obras estão avançadas. Elas atingem o número 5 quando forem concluídas. O investimento total atualizado do município, em valores de abril, é de R$ 14,34 bilhões, o que representa um aumento de 0,024%, se comparado com o previsto há um ano.

O estado responde por dez projetos e o governo federal, três. “São legados importantíssimos para a população. A Linha 4 do Metrô, por exemplo, é a maior obra de infraestrutura urbana da América Latina”, afirmou Espíndola. Além da Linha 4 do Metrô, haverá a reforma de seis estações ferroviárias: São Cristóvão, Engenho de Dentro, Deodoro, Vila Militar, Magalhães Bastos e Ricardo de Albuquerque.

Jogos atrasarão Transbrasil em até quatro meses

Previsto para ser o maior dos corredores de ônibus do Rio, o Transbrasil terá suas obras atrasadas por causa dos Jogos. O canteiro vai ficar parado entre três e quatro meses. Segundo o prefeito Eduardo Paes, a decisão é para não prejudicar a mobilidade na cidade durante as competições.

O BRT vai cortar toda a Avenida Brasil e a expectativa é de que transporte 900 mil passageiros por dia. A prefeitura chegou a anunciar que o corredor estaria pronto para a Olimpíada, mas, no início do ano passado, retirou a via exclusiva de ônibus da lista de legados das competições. Os passageiros só vão usar o Transbrasil em 2017, quando começa a operar.

Já o Transoeste, que é legado olímpico, teve aumento no valor da obra de expansão. Passou de R$ 92 milhões para R$ 114,4 milhões. A alteração foi justificada como readequação do projeto que vai ligar o Alvorada ao elevado sobre o Canal de Marapendi. O obra fica pronta até março de 2016.

Baía só fica livre de esgoto em 2018

Apesar do receio de alguns atletas, principalmente os estrangeiros, o governo garante que não há risco de contaminação para quem for competir na Baía de Guanabara. De acordo com o secretário estadual da Casa Civil, Leonardo Espíndola, os índices de tratamento do esgoto que é despejado no local saltaram de 11%, em 2008, para atuais 49%. Inicialmente, a meta era de 80%, mas o governo já admitiu que o objetivo não será alcançado a tempo dos jogos — a previsão é 2018 —, embora garanta a qualidade da água.

“Não há risco de contágio, doença ou coisa parecida”, afirmou o secretário.

Segundo ele, o evento teste, que ocorreu no ano passado, recebeu elogios dos esportistas. “Nos pontos onde há competições, os níveis de coliformes fecais e balneabilidade são de padrões internacionais”, afirmou. “É claro que a baía é um desafio muito grande, mas estamos nos esforçando”, admitiu Espíndola.

Como parte do projeto ambiental, dez ecobarcos serão usados para ajudar a recolher o material flutuante. Além disso, 17 ecobarreiras com material mais resistente serão colocadas para impedir que o lixo chegue à Baía de Guanabara.


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