Por nicolas.satriano

Rio - Em vez de reforços, redução de tropas. O Comando Geral da Polícia Militar decidiu reduzir de 1.550 para 620 o número de PMs que reforçavam o policiamento dos batalhões do estado em seus dias de folga, por meio do Regime Adicional de Serviço (RAS). O corte atingirá, inclusive, áreas do Rio que vêm registrando aumento no número de crimes de rua — como roubo e furto —, caso do 6º BPM (Tijuca) e do 16º BPM (Olaria).

Esses batalhões terão que funcionar apenas com seu efetivo, sem nenhum reforço dos policiais em suas horas livres. É o caso também do Grupamento de Policiamento Transportado em Ônibus Urbanos e do 36º BPM (Santo Antônio de Pádua).

No 16º BPM%2C que abrange o complexo do Alemão%2C roubos ao comércio avançaram 28% no primeiro trimestreBanco de imagens

A redução do número de policiais em serviço, que entra em vigor a partir de 4 de maio, foi definida apesar de os índices de criminalidade apontarem para a necessidade de maior reforço no policiamento. Na área do 16º BPM, que abrange, inclusive, os complexos da Penha e do Alemão, os roubos a residências subiram 20% e o de estabelecimentos comerciais avançaram 28% entre o primeiro trimestre de 2014 e o mesmo período deste ano.

Os assaltos a passageiros de ônibus tiveram aumento de 27% na região, enquanto o roubo de aparelhos celulares mais do que dobrou, com um avanço de 114%. O número de casos de assaltos a pedestres (8%) e de carros (7%) também subiu.

A PM argumenta que a mudança não deverá prejudicar o patrulhamento nas ruas, já que um dos critérios para o “redimensionamento do efetivo” seria a extinção de vagas que ficavam em aberto. A versão, porém, não encontra respaldo entre agentes que contavam com o trabalho extra para complementar a sua renda. Segundo esses policiais, a medida seria motivada pela contenção de despesas.

Na área do 6º BPM (Tijuca), onde recentemente foi implantado o programa ‘UPP do Asfalto’, e que agora não poderá contar com nenhum policial por meio do RAS, os furtos de veículos e assaltos em ônibus subiram 16% e 18%, respectivamente, no primeiro trimestre.

A região do 9º BPM (Rocha Miranda) também vai sofrer uma redução significativa no seu reforço: de 80 para 20 policiais militares. Na área do batalhão, o número de roubos de celulares pulou de 98 para 175 nos três primeiros meses do ano — um aumento de 78%. Os assaltos em ônibus aumentaram 71%, pulando de 123 casos para 210. Roubos de carros subiram 27% e de pedestres, 21%.

Na região do 18º BPM (Jacarepaguá), onde o efetivo extra caiu de 54 para 10 policiais, foram registrados aumentos em casos de roubos a pedestres (5%), roubos em ônibus (17%), celulares (11%) e furtos de carros (20%). 

PM diz que não haverá prejuízo

O Comando Geral da PM informou que as reduções no RAS ocorreram, sobretudo, em vagas que eram ofertadas, mas acabavam não sendo preenchidas e por isso não haveria prejuízo no policiamento.

Segundo a instituição, foi realizado um estudo para redimensionar o efetivo em todo o estado e está em curso uma redistribuição para que o policiamento “seja mais eficaz e tenha mais qualidade”. A PM lembrou que a mudança só atinge o RAS Voluntário. O serviço extra compulsório não foi alterado.

Policiais que não quiseram se identificar protestaram contra a mudança do programa. “Não são vagas ociosas. Quando havia 54 vagas disponíveis no 18º BPM já era difícil conseguir entrar. As oportunidades são muito concorridas, quando eu ia me candidatar no site, muitas vezes já estava tudo preenchido”, informou um dos PMs.

“Eu deixei de trabalhar no RAS quando começaram a atrasar os pagamentos, mas muitos colegas estão reclamando que estão com dificuldade para conseguir o trabalho extra”, disse uma policial.

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