Rio - O secretário de Segurança Pública José Mariano Beltrame disse nesta terça-feira que a PM está sendo obrigada a controlar os gastos. Ele citou, em entrevista coletiva no Centro Integrado de Comando e Controle, as mudanças feitas no Regime Adicional de Serviços (RAS), por meio do qual os policiais de folga reforçam o efetivo dos batalhões.
“A cota pedida pela PM para o governo foi de R$ 7 milhões (mensais), mas estávamos gastando R$ 9 milhões. O comando da corporação está fazendo um monitoramento para que isso não volte a acontecer”, disse. Mais tarde, a assessoria da Polícia Militar informou que o corte necessário é ainda maior: de R$ 9 milhões para R$ 6 milhões.
O Comando Geral da Polícia Militar determinou a diminuição de 1.550 para 620 no número de PMs que reforçavam o policiamento a partir da próxima semana, conforme informou nesta terça-feira O DIA. O corte vai atingir áreas do Rio que vêm registrando aumento no número de crimes de rua — como roubo e furto —, caso do 6º BPM (Tijuca) e do 16º BPM (Olaria).
Ao lado do comandante-geral da Polícia Militar, coronel Alberto Pinheiro Neto, e do chefe da Polícia Civil, Fernando Veloso, Beltrame informou que, apesar das dificuldades orçamentárias, a secretaria vai distribuir 400 policiais para 32 UPPs. Além disso, 1.272 PMs formados em novembro do ano passado irão para 28 batalhões de todo o estado, como forma de cobrir a diferença de 930 policiais a menos, deixada com a redução do efetivo de PMs em horas extras. Há previsão ainda do reforço de mais 100 militares em Niterói.
O secretário disse ainda que, além da reciclagem que vem sendo feita com os policiais das UPPs, quer passar de sete para 10 meses a duração do curso de formação de militares. “Tem policial que vai para comunidades onde há becos sem luz e tem que enfrentar bandidos ali. O tempo de formação hoje é muito pequeno. Tem que haver uma preparação maior”, frisou.
Policiais sentem a crise no bolso
Além do corte do RAS voluntário (a hora extra que complementava a renda do policial), a PM impôs outra redução no bolso da tropa. Quem trabalha no serviço interno teve alterada a escala de 12 horas de plantão por 36 de descanso e, agora, cumpre jornada diária de segunda à sexta-feira. “Acabou a chance que a gente tinha de fazer um extra e, de quebra, aumentou o nosso gasto com transporte. Pior: o estado manteve os mesmos R$ 100 de auxílio-passagem”, contou PM que não quis se identificar.
Outra queixa dos policias é a ‘escala extraordinária’, que a corporação usa para manter o militar de serviço em períodos de eventos ou em outros casos excepcionais. Desde o começo do ano, PMs do setor administrativo são surpreendidos com convocações quase semanais trabalhos extras. Detalhe: nesses casos, eles não são remunerados.