Por tabata.uchoa

Rio - Dos 27 projetos criados para compor o legado dos Jogos Olímpicos de 2016, os cinco mais desafiadores, e que terão impacto direto na vida dos cariocas, não ficarão prontos até o evento. Apenas o plano das seis estações ferroviárias olímpicas estará totalmente concluído. No entanto, a reforma de algumas delas não servirá tanto de legado para os usuários dos trens, como a da Vila Militar, que registra o embarque médio de apenas 860 passageiros por dia.

Clique na imagem para ver o gráfico completoAgência O Dia

A despoluição da Baía de Guanabara, um dos principais compromissos firmados no Caderno de Encargos dos Jogos, é o programa que está mais distante de se tornar realidade. Quando a cidade foi eleita para ser palco do evento, o governo do estado havia se comprometido a chegar em 2016 com a meta de 80% do esgoto tratado na Baía. O índice atual é de 49%, e a expectativa para o ano que vem é fechar em 60%.

“A causa da poluição é o problema socioeconômico que atinge os municípios do entorno dela, e falta vontade política para resolver”, opinou Paulo Rosman, professor de Engenharia Oceânica da Coppe-UFRJ. Em nota, a Cedae alegou que, nos últimos sete anos, atingiu um grande avanço, saltando de 17% para 49% do esgoto tratado da bacia.

No quesito mobilidade urbana, o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) será entregue em parte até os Jogos. Apenas o primeiro eixo, da Rodoviária Novo Rio até o Aeroporto Santos Dumont, ficará pronto. O segundo trecho, da Central até a Praça XV, fica para depois. A Linha 4 do metrô, da Barra até Ipanema, não contará com a Estação da Gávea, que não ficará pronta por causa da alteração do projeto, com a inclusão de mais duas plataformas paralelas para uma possível expansão até a Estação Uruguai. O Consórcio da garante que o atraso não vai impactar na operação do metrô durante os Jogos.

Obra da Linha 4 do Metrô%3A Estação da Gávea não ficará pronta até a Olimpíada por mudança no projetoDivulgação

Estações de trem terão R$ 250 milhões

Para atender às exigências internacionais, seis estações de trem — São Cristóvão, Engenho de Dentro, Ricardo de Albuquerque, Deodoro, Vila Militar e Magalhães Bastos — serão completamente reformadas, principalmente para implantação de elevadores e ampliação de plataformas.

Em Deodoro, a obra será ainda mais abrangente, com a construção de passarela para integrar o trem ao terminal do BRT Transbrasil. Para as seis estações, o custo da reforma será de R$ 250 milhões.
Mas a Vila Militar promete ficar cheia apenas durante os Jogos, pois, atualmente, a movimentação lá é de apenas 860 usuários por dia, contra 28 mil em São Cristóvão, 12 mil no Engenho de Dentro e 8.300 em Deodoro.

Para Vitor Mihessen, especialista em mobilidade urbana e coordenador da Casa Fluminense, outras estações necessitam muito mais de investimento. “Na Baixada os problemas são graves. Em Corte 8, por exemplo, não existe nem passarela interna”, criticou.

Impasse na Barra

Para o projeto de recuperação do Complexo Lagunar da Barra virar realidade, a Secretaria Estadual do Ambiente precisa apresentar ao Ministério Público Federal um plano de estudos ambientais detalhando a área de despejo de sedimentos. Por conta do impasse entre os órgãos, que deixou as obras paradas, não será possível ver as lagoas limpas na Olimpíada. Até lá, a garantia é de cobertura total da rede de esgotos da Barra, Recreio e Jacarepaguá.

Na Baía, a secretaria montou um plano de emergência para amenizar a poluição nos Jogos. O projeto de gestão e operacionalidade de 17 ecobarreiras para contenção de resíduos flutuantes será licitado ao custo de R$ 31 milhões.

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