Rio - No dia 13 de fevereiro, um bandido armado assaltou a bilheteria da Estação Guiomar Novaes do BRT Transoeste, no Recreio. O local voltou a ser alvo de criminosos quatro dias depois, e, pela terceira vez, em 22 de março. O DIA esteve na estação na tarde de sábado e constatou que a sensação de medo permanece entre funcionários e passageiros. Não havia um segurança ou policial próximo para contar história.
Assim como em outras estações visitadas anteontem pela reportagem, o controlador de acesso — responsável por liberar as gratuidades nas roletas — era o único “vigia” do local, mesmo não tendo treinamento para atuar como segurança. Os funcionários dizem que policiais militares de folga, contratados pelo Proeis (Programa Estadual de Integração na Segurança), passam às vezes pelas estações, mas a presença deles não seria regular.
“A quantidade de policiais fardados nas estações diminuiu bastante depois que a PM reforçou o policiamento em comunidades pacificadas e retirou do BRT esses policiais”, contou um motorista, que não quis se identificar.
Quem tenta tomar um ônibus no Terminal Fundão à noite também se expõe ao risco de assaltos. Sem seguranças, o local teve dez refletores furtados no dia 25 de março, que ainda não foram repostos. No dia 29 do mesmo mês, o ladrão voltou para roubar outros refletores e só foi preso porque funcionários conseguiram imobilizá-lo até a chegada da polícia.
“Fomos ameaçados pelo bandido. Estamos constantemente expostos, ainda mais agora que a estação está um breu”, reclamou um funcionário. A Estação Maré, onde relatos dão conta de que a presença de bandidos armados e usuários de drogas é frequente, também estava sem policiamento. Três homens — não se sabe se eram menores — foram flagrados adotando uma estratégia ousada para embarcar sem pagar. Eles já sabiam onde fica um sensor na parte externa da estação e acionaram o dispositivo para abrir a porta. Acuados, os funcionários não puderam impedir.
Como O DIA publicou ontem, 52 crimes de naturezas diversas, entre assaltos a passageiros e bilheterias, incêndios, depredações, agressões e ameaças contra funcionários, foram registrados pelo Consórcio BRT de janeiro até 20 de abril. No mesmo período do ano passado, foram 21 casos (aumento de 147%).
O Terminal Alvorada foi o local com mais episódios: 28 nos dois anos. Perguntado sobre a presença de seguranças, um controlador de acesso disse que eles não existem. Apenas um PM foi visto na porta do terminal na tarde de sábado. O Centro de Controle Operacional, no entanto, estava protegido por dois seguranças armados.
“Só há policiais na hora do rush para controlar filas em algumas estações. Depois, eles vão embora”, relatou a passageira Luciana Pereira da Silva, 32, que disse já ter presenciado uma tentativa de sequestro a um ônibus no BRT Transoeste.
PMs fazem rondas, diz consórcio
O DIA perguntou ao consórcio como os passageiros poderiam identificar os seguranças em situações de emergência. A empresa informou que a segurança é realizada por PMs do Proeis. Eles não ficam parados nas estações.
“O efetivo circula pelos corredores e conta com o apoio do policiamento regular feito pela Polícia Militar nos bairros cortados pelo BRT. Além disso, as imagens de nossas câmeras podem ser vistas do Centro de Operações da Prefeitura, e a Guarda Municipal mantém um representante em nosso Centro de Controle Operacional, o que contribui no pronto acionamento das autoridades”, disse a empresa em nota.
O consórcio apontou que a existência de câmeras nos ônibus e estações reforça a segurança e que funcionários do CCO acionam em tempo real os PMs do Proeis para as ocorrências relatadas.
Secretaria diz que empresa é a responsável
Questionada se o BRT deveria ter seguranças, a exemplo do metrô, trens e barcas, a Secretaria Municipal de Transportes informou: “Cabe ao consórcio a manutenção operacional do sistema. O concessionário, por sua vez, informa que a segurança é feita por PMs do Proeis”. O BRT argumentou que “o número de ocorrências precisa ser ponderado com a base de passageiros transportados” e que o sistema é mais seguro que ônibus convencionais.
O número de policiais não foi informado. A Polícia Militar afirmou que a estratégia de policiamento é definida com o consórcio, bem como o efetivo e os planos de reforço.