Por paulo.gomes

Rio - Os golpes de falsos sequestros estão na mira da Polícia Civil. Após investigação que se desenrolou ao longo de 2014, policiais da 52ªDP (Nova Iguaçu), com o apoio da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), realizaram nesta segunda-feira uma megaoperação que cumpriu 32 mandados de prisão e quatro de busca e apreensão por envolvimento com a modalidade de extorsão. As primeiras denúncias de pessoas lesadas pela quadrilha vieram em 2013, do serviço de Inteligência da Polícia Civil de São Paulo.

Presos integram esquema especializado em golpe do falso sequestro Daniel Castelo Branco / Agência O Dia

Após quebras de sigilo telefônico e cruzamento de dados, constatou-se que as contas bancárias para as quais eram solicitados depósitos ficavam em agências de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Os telefonemas que chegavam a pedir R$ 35 mil por falso resgate partiam da Penitenciária Lemos de Brito, no Complexo de Gericinó. Do total, cinco mandados foram expedidos contra pessoas que já se encontravam cumprindo pena.

Policial militar Jorge Luiz Rodriguez foi um dos presos por envolvimento em quadrilha do falso sequestroDaniel Castelo Branco / Agência O Dia

Com o telefone em mãos, criminosos faziam o conhecido teatro para quem atendia do outro lado da linha. Se passavam por familiares e se aproveitavam do abalo emocional das vítimas. “Os números eram discados de forma aleatória e o percentual de sucesso era baixo. Os valores partiam de R$ 35 mil, mas eram negociados a até R$ 500”, explicou o delegado Júlio da Silva Filho.

De acordo com ele, contas em nomes de testas de ferro eram usadas para os depósitos. “Os titulares das contas também serão investigados”, garantiu. A ação ocorreu de forma simultânea em vários municípios.

Policial Militar fazia ponte entre bandidos e vítimas

No esquema que envolvia presidiários e testas de ferro, se destacou a prisão de um policial militar. Jorge Luiz Rodriguez, que seria responsável pela comunicação entre correntistas e criminosos, informando os números das contas nas quais deveriam ser feitos os depósitos, foi detido em casa, na Baixada Fluminense, e não resistiu à prisão.

Ele foi flagrado em um carro roubado e em posse de uma pistola irregular. Atualmente ele se resumia a trabalhos administrativos da PM. Aos policiais civis, Jorge Luiz se disse arrependido. Entre os presos ainda figuram dez mulheres.

Segundo o delegado, o trabalho continuará. Agora, com base nos depoimentos colhidos, será possível apurar quem era o responsável pelo envio de aparelhos celulares para dentro dos presídios.



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