Rio - Os golpes de falsos sequestros estão na mira da Polícia Civil. Após investigação que se desenrolou ao longo de 2014, policiais da 52ªDP (Nova Iguaçu), com o apoio da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), realizaram nesta segunda-feira uma megaoperação que cumpriu 32 mandados de prisão e quatro de busca e apreensão por envolvimento com a modalidade de extorsão. As primeiras denúncias de pessoas lesadas pela quadrilha vieram em 2013, do serviço de Inteligência da Polícia Civil de São Paulo.
Após quebras de sigilo telefônico e cruzamento de dados, constatou-se que as contas bancárias para as quais eram solicitados depósitos ficavam em agências de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Os telefonemas que chegavam a pedir R$ 35 mil por falso resgate partiam da Penitenciária Lemos de Brito, no Complexo de Gericinó. Do total, cinco mandados foram expedidos contra pessoas que já se encontravam cumprindo pena.
Com o telefone em mãos, criminosos faziam o conhecido teatro para quem atendia do outro lado da linha. Se passavam por familiares e se aproveitavam do abalo emocional das vítimas. “Os números eram discados de forma aleatória e o percentual de sucesso era baixo. Os valores partiam de R$ 35 mil, mas eram negociados a até R$ 500”, explicou o delegado Júlio da Silva Filho.
De acordo com ele, contas em nomes de testas de ferro eram usadas para os depósitos. “Os titulares das contas também serão investigados”, garantiu. A ação ocorreu de forma simultânea em vários municípios.
Policial Militar fazia ponte entre bandidos e vítimas
No esquema que envolvia presidiários e testas de ferro, se destacou a prisão de um policial militar. Jorge Luiz Rodriguez, que seria responsável pela comunicação entre correntistas e criminosos, informando os números das contas nas quais deveriam ser feitos os depósitos, foi detido em casa, na Baixada Fluminense, e não resistiu à prisão.
Ele foi flagrado em um carro roubado e em posse de uma pistola irregular. Atualmente ele se resumia a trabalhos administrativos da PM. Aos policiais civis, Jorge Luiz se disse arrependido. Entre os presos ainda figuram dez mulheres.
Segundo o delegado, o trabalho continuará. Agora, com base nos depoimentos colhidos, será possível apurar quem era o responsável pelo envio de aparelhos celulares para dentro dos presídios.