Rio - Moradores do Complexo do São Carlos afirmaram que as mortes dos mototaxistas da região, na noite desta quinta-feira, foram represália do Batalhão de Operações Especiais (Bope) pelo ataque a um PM, baleado um dia antes, durante ação dos policiais no local. Os mortos foram identificados como Rodrigo Marques Lourenço, de 29 anos, e Ramon Moura, 22. A Divisão de Homicídios (DH) está fazendo a perícia no local.
Manifestantes ateiam fogo em ônibus em protesto no Estácio
O Bope confirmou uma operação na noite desta quinta-feira, e informou ainda que houve duas ocorrências — porém, não atribuídas aos mototaxistas —: duas pessoas foram baleadas na ação e levadas pelos policiais ao hospital. No entanto, elas não resistiram e morreram.
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Segundo moradores da região, policiais do Bope teriam matado os mototaxistas em represália ao ataque a um PM na operação de quarta-feira. Revoltados, eles chegaram a protestar na manhã desta sexta-feira e atearam fogo em dois ônibus. O primeiro coletivo foi incendiado no Largo do Estácio, nas proximidades do Hospital Central da Polícia Militar (HCPM) e da estação de metrô. O segundo foi incendiado na Rua Campos da Paz, na altura do número 77, no Rio Comprido. Parte comércio na região está fechado.
Titular da DH, Rivaldo Barbosa pediu a colaboração da população para a elucidação do caso. Rivaldo criticou o ataque aos coletivos e fez um apelo: "Peço que essa energia do protesto seja revertida em informação para a Polícia Civil, para que possamos elucidar o crime", declarou ele, afirmando ainda que os dois mortos estavam com marcas de tiros. Mais cedo, foi relatado que as vítimas foram encontradas esfaqueadas.
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Ataques nas comunidades são provocados por guerras de facções
Representando a Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP), o major Ivan Blaz, confirmou a operação do Bope nesta quinta-feira na comunidade. O militar afirmou que a CPP está apurando as mortes dos mototaxistas para também auxiliar a Polícia Civil.
Blaz lembrou ainda a disputa de territórios por facções rivais (ADA e CV) na região e atribuiu os ataques a isso. "Não é novidade o que está acontecendo", declarou o major, lembrando ainda que o traficante Fu da Mineira está foragido, desde que ganhou o benefício de visitar a família no último domingo, Dia das Mães: "Ele era o traficante da regiáo e está tentando retomar o território".
Porta-voz da UPP, o major Marcelo Coberge disse ainda que bandidos estão "servindo como mercenários" nas disputas de regiões. Muitos estão atuando foram de suas áreas para os ataques e a maioria deles teria saído do Chapadão e da Pedreira, onde houve operação da PM na semana passada. "Eles foram recrutados para poder participar de invasões. Como já teve muita área pacificada eles recrutam traficantes de outras regiões", declarou o PM.