Por nicolas.satriano

Rio - A explosão que ontem aterrorizou os 210 moradores e destruiu apartamentos do Edifício Canoas, em São Conrado, é um alerta para as precárias condições das instalações de gás dos imóveis cariocas.

Levantamento realizado em 2014 por uma empresa especializada em vistoria predial aponta que 30% de 2.500 propriedades examinadas na cidade estão vulneráveis. No acidente, quatro pessoas ficaram feridas e uma está em estado grave.

Explosão atingiu todos os 72 apartamentos do Edifício Canoas Carlos Moraes / Agência O Dia

“Os cidadãos estão a mercê de acidentes. É preciso mudar a cultura e priorizar a manutenção”, declarou David Gurevitz, engenheiro e perito da empresa Delphi.

A explosão ocorreu no apartamento 1.001, alugado pelo alemão Markos Maria Muller, 51 anos. Ele está internado em estado gravíssimo no Hospital Miguel Couto, com metade do corpo queimado. Vazamento de gás é a principal hipótese da explosão. “Vamos aguardar laudo da perícia, mas tudo indica que houve escapamento de gás do aquecedor ou de válvula”, informou o subsecretário da Defesa Civil, Márcio Motta. A perícia demora 30 dias.

Pareceu terremoto

Os moradores ouviram o estrondo da explosão por volta das 5h40. Em seguida, todos experimentaram momentos de pânico. Muitos saíram de casa com roupas de dormir. “Parecia um terremoto. A sensação era que o prédio estava desabando. Só deu tempo de chamar minhas filhas e sair correndo pelas escadas”, contou Soraia Matias, 49 anos, moradora do sexto andar. “Os destroços chegaram até o prédio vizinho”, emendou o morador Fernando Mendonça.

Com o impacto do estouro, o piso do apartamento 1.001 desabou, causando também a derrubada da laje de outra residência do nono andar, que estava vazia. “Os escombros ficaram sobre a laje do apartamento 801, que não é projetada para todo esse peso. Nossa prioridade é a limpeza total do concreto, para liberar o imóveis em 48 horas”, informou Motta.

Os 16 imóveis do 8º ao 11º andar tiveram problemas mais significativos, com queda de reboco. Os outros 56 apartamentos tiveram vidros e janelas quebrados. A Defesa Civil, no entanto, descarta risco de desmoronamento do prédio.

Por nota, a Allianz Seguros confirmou ser a seguradora do Edifício Canoas e disse que está contato com o síndico do condomínio para tomar as medidas necessárias. O prejuízo, segundo a empresa, ainda não foi apurado, já que o local ainda está interditado pela Defesa Civil.

A seguradora esclareceu que o valor de R$ 15 milhões não foi estimado pela companhia.

Fiscais do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia estiveram no edifício e constataram o comprometimento das instalações hidráulicas, de luz e gás. Os dois elevadores do prédio também foram atingidos e estão desativados. 

Mortes em outros acidentes

Nos últimos dez anos, pelo menos quatro pessoas morreram e 24 ficaram feridas em acidentes envolvendo gás doméstico no Rio de Janeiro.

Em outubro de 2012, uma explosão em um supermercado de Irajá deixou sete pessoas feridas. A causa foi um escapamento de gás na paradaria do estabelecimento. Quatro vítimas ficaram em estado muito grave.

No mesmo mês de 2011, três pessoas morreram e 13 ficaram feridas após explosão no Restaurante Filé Carioca, na Praça Tiradentes. Duas vítimas fatais eram funcionárias do estabelecimento e a terceira era um pedestre que passava na calçada.

O restaurante usava botijões ao invés de gás encanado. Já em 2007, Kawai Baisotti, de 12 anos, morreu intoxicada após vazamento de gás em flat na Barra da Tijuca.

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