Rio - Em depoimento ao delegado titular da Delegacia de Homicídios da Capital (DH), Rivaldo Barbosa, um policial civil admitiu nesta quarta-feira ter atirado na direção dos moradores Gilson da Silva dos Santos, de 12 anos, e Wanderson Jesus Martins, de 23 anos, durante a operação no Morro do Dendê,na terça-feira.
O laudo de confronto balístico vai confirmar se as balas que mataram os moradores saíram do arma do policial.
O agente alegou ainda no depoimento que Gilson e Wanderson estariam armados. Porém, esta versão é negada pelos familiares das vítimas. Eles afirmam que os dois estavam comprando pão quando foram baleados pela polícia.
Parentes acusam polícia
Em entrevista ao DIA, parentes do Wanderson Martins acusaram os policiais pela morte do pescador e da criança, antes mesmo do depoimento do agente. Os corpos das vítimas foram velados nesta manhã no Cemitério do Cacuia, no mesmo bairro, e serão enterrados nesta tarde.
"Minha mãe está melhor agora, já chorou, se conformou, a ficha caiu. A namorada dele está em estado de choque. O filho do Wanderson, de 4 anos, já sabe que o pai morreu. Ele está com um vizinho nosso", contou um parente do pescador. Ao DIA , o familiar relatou relatou como foram mortos o adolescente e o homem.
"Eles eram amigos e estavam nessa padaria que funciona no quintal de uma casa. O Wanderson tinha ido comprar pão para o seu filho ir para a escola. Quando o helicóptero da polícia começou a atirar, eles se esconderam dentro de um banheiro na padaria, com medo. Os policiais, que estavam a pé, mandaram eles saírem de dentro da padaria. Assim que o Wanderson saiu, os policiais atiraram contra ele. Eles deram um tiro primeiro na perna e depois na barriga", relatou.
Família volta a acusar policiais pela morte de pescador no Morro do Dendê
De acordo com o familiar, o menor, que estava no chão do banheiro, viu o Wanderson ser morto pelos policiais. "Eles deram três tiros para dentro do banheiro. Um pegou na cabeça, outro atingiu o peito e o terceiro foi no braço da criança", disse. Ainda segundo o familiar, após atirarem nos dois moradores do Dendê, os policiais espalharam próximo aos corpos drogas que estavam em uma mochila que havia sido apreendida com traficantes.
De acordo com a Polícia Civil, as armas dos policiais envolvidos na ação foram apreendias para perícia. No local onde ocorreram as duas mortes, já foi realizada perícia e a Delegacia de Homicídios da Capital (DH) instaurou inquérito para apurar as circunstâncias do caso. Testemunhas e familiares de Gilson e Wanderson prestaram depoimento na tarde desta terça-feira.