Rio- ‘Mamãe, estamos vivos’, exclamaram os filhos de Angélica e Luciano Huck, após o avião pousar de barriga numa fazenda perto de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul na manhã de domingo. Os dois motores do avião onde estavam pararam, e o piloto Osmar Frattini teve de pousar a aeronave num pasto.
Em entrevista ao ‘Jornal Nacional’, da TV Globo, ontem à noite, o casal falou dos momentos de pânico. “Passou pela minha cabeça que a gente ou iria morrer ou se machucar muito. Não queria que nos machucássemos muito”, afirmou Angélica.
Segundo a apresentadora, a hora é de “curar o emocional”. “Estou sem dormir. Toda vez que fecho os olhos, lembro de todo o acidente.”
Para a mãe da apresentadora, Angelina, que só se disse aliviada após ver a filha e os netos, foi a fé de Angélica que a salvou com a família. “Quando viu o que ia acontecer, minha filha pediu ajuda a Deus, que a ouviu. Deus é muito maravilhoso”, afirmou ontem ao portal Ego. “Depois do acidente, os meninos falavam pra ela: ‘Mamãe, nós estamos vivos!’”
Angélica e Huck também atribuíram a Deus o que chamaram de milagre de terem saído vivos do acidente. “Podemos dizer que renascemos”, escreveram em nota divulgada à imprensa.
Além do casal, estavam no avião os filhos Joaquim, Benício e Eva, as babás Marilena Eunice Garcia e Francisca Clarissa Mesquita, o piloto e o copiloto, Flávio Zanatto. “Antes de qualquer coisa, queremos agradecer a Deus.Ontem (domingo) passamos por um milagre. Foi uma situação muito difícil”, escreveu Huck.
Ontem à noite, com orientação de manter o repouso, ele e Angélica receberam alta. “Quero agradecer também as milhares de orações. É um conforto enorme. Podemos dizer que renascemos e vamos comemorar uma nova data de aniversário: dia 24 de maio.”
Também por nota, Angélica se disse emocionada com o carinho e que está bem. “Também quero agradecer a todo mundo que ajudou lá. E ao piloto, porque ele foi um verdadeiro anjo. E, claro, a todos que estão rezando e torcendo por nós. Estamos muito emocionados com todo esse carinho”.
Faltavam 10 minutos para completar o trajeto de Miranda (MS) a Campo Grande quando o alarme de emergência apontou falha no filtro de combustível. Logo em seguida, houve pane no motor esquerdo. A aeronave estava a 1.300 metros. A tentativa de acionar o motor direito também não deu certo.
Segundo Frattini, ao perceber o problema, Angélica começou a gritar e dizer que todos morreriam. Huck a acalmou. “Ele disse: nós não vamos morrer. Ninguém vai morrer”, relatou o piloto.
Família teve 'atendimento privilegiado'
O Conselho Municipal de Saúde de Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul, quer explicações de Wilson Telesco, presidente da Santa Casa, hospital onde Angélica e Luciano Huck receberam os primeiros socorros. Segundo Eduardo Cury, coordenador do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) da cidade, a família do casal teve “atendimento privilegiado” e foram usados leitos que não estavam sendo oferecidos para pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS).
De acordo com o coordenador, o atendimento mostrou “egoísmo” da saúde pública do Mato Grosso do Sul, ao hierarquizar os problemas de seus pacientes”.
“Destaco que o casal e sua família não têm culpa nenhuma nisso. O erro é totalmente da Santa Casa. Quando chegam pacientes andando e conscientes de Samu, como chegaram Huck e Angélica, o encaminhamento é para as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs). Nesse caso, foram para uma sala de UTI que nem usada era e sequer sabíamos que existia para o SUS”, disparou Cury.
Ele condenou a forma de atendimento da Santa Casa. “Não levamos pacientes para lá, porque eles alegavam não ter aparelhos, leitos, nada. Mas o acidente, por um lado, nos levou a descobrir a existência desses leitos”.
A Aeronáutica informou que não há prazo para o fim da investigação sobre as causas do acidente. O recolhimento de amostras do combustível e de peças da aeronave deve terminar ainda hoje.