Por nicolas.satriano

Rio - A morte do médico Jaime Gold, semana passada, já havia colocado em dúvida o patrulhamento da Lagoa Rodrigo de Freitas e incendiado os debates sobre a maioridade penal. Agora, virou polêmica na Polícia Civil. A delegada titular da 14ª DP (Leblon), Monique Vidal, que iniciou o inquérito, comentou nesta quinta-feira em rede social que a principal testemunha do crime — um frentista que afirmou ser o menor X. o autor da ação —, negou que pudesse reconhecer alguém na noite do crime.

A crítica da policial foi feita após a Delegacia de Homicídios (DH) dar o caso por encerrado. Na postagem, Monique Vidal escreveu ainda que a testemunha foi localizada por um colega de sua delegacia. Horas depois, ela apagou a postagem, mas a defesa de X. conta com a informação para o julgamento do crime.

“Isso está no processo, pois essa testemunha na qual a Delegacia de Homicídios (DH) se apoia, afirmará ser impossível identificar alguém. O que podemos dizer, neste momento é que, ao contrário da polícia, para nós, o caso não está encerrado. O adolescente é inocente e não estava na Lagoa. A polícia foi precipitada”, criticou o advogado de X., Alberto Oliveira.

Após divulgar a conclusão do caso, o diretor da DH, Rivaldo Barbosa, fez um desabafo em frente à sede da especializada, na Barra. “Disseram que o primeiro menor era ‘bucha’ (inocente acusado), mas foi a mãe do segundo menor (Y.) e não a DH que o trouxe aqui, onde ele contou detalhes do crime. Quando a polícia trabalha rápido, está sendo leviana, quando demora, é incompetente.” A Polícia Civil informou ontem que a Corregedoria Interna (Coinpol)vai avaliar a conduta de Vidal.

Há outras incoerências no primeiro depoimento do frentista, como o fato de ele ter identificado um dos autores do roubo como branco, quando os dois menores apreendidos são negros. Além disso, segundo a testemunha, o menor que estava na garupa da bicicleta esfaqueou Gold. Mas para a DH, foi o outro acusado.

O plantão judiciário do Tribunal de Justiça decretou ontem, a internação do menor Y. Ele já responde por outro crime análogo ao de latrocínio (roubo seguido de morte), além de dois atos infracionais equivalentes a receptação e roubo.

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