Por nicolas.satriano

Rio - O conflito deflagrado na noite de quinta-feira no campus da Universidade do Estado do Rio envolvendo de um lado estudantes e moradores da chamada “Favela do Metrô”, na Mangueira, e do outro policiais e seguranças da Uerj deixou consequências. A Associação dos Docentes da Uerj diz ter presenciado agressões a alunos e criou um aplicativo para receber denúncias.

As informações podem ser enviados por meio de vídeos e fotos. Até o momento, foram recebidos 14 relatos de agressão contra estudantes perpetrados por seguranças. Já o reitor Ricardo Vieiralves diz que oito seguranças ficaram feridos por pedradas, foram medicados e liberados.

Apesar dos resquícios do conflito, vidraças quebradas e mangueiras pelos corredores, as aulas da Uerj funcionou normalmente ontem. A universidade decidiu instaurar sindicância para avaliar o dano ao patrimônio e a 18ª Delegacia de Polícia também investiga o caso.

Vidraças e portas destruídas%3A prejuízo do conflito entre estudantes e segurança chega a R%24 100 mil Severino Silva / Agência O Dia

Os conflitos começaram quando estudantes que protestavam contra problemas financeiros da instituição se uniram ao protesto de moradores da favela que tiveram as casas destruídas pela Prefeitura. Segundo os estudantes, as duas entradas da Uerj foram fechadas por policiais e, por isso, os manifestantes tentaram entrar no prédio da instituição. Já a reitoria, alega que o grupo invadiu o prédio com intenção de vandalizar e foi contido com jatos de água. Ontem a desembargadora Sandra Cardinali proibiu novas demolições na comunidade até a decisão final sobre as remoções. Caso a decisão não seja cumprida, a prefeitura pagará R$ 20 mil por casa demolida.

Um dos moradores da Favela do Metrô que perdeu a casa diz estar desesperado. “Não tenho para onde ir. Como fico agora? A minha casa já foi destruída”, disse Lélio de Jesus, de 48 anos. O presidente da Associação de Comerciantes, Gustavo Duarte, acusou a prefeitura de realizar as demolições antes do recurso do grupo ser julgado. “A prefeitura tinha uma notificação para derrubar as casas e lojas. Só que entramos com recurso e, quando estava sendo julgado, o trator chegou destruindo tudo.”

De acordo com o prefeito Eduardo Paes, os prédios demolidos estavam desabitados e não eram moradias. “. “ Ali existia um ferro velho que vendia produto de assalto, sem alvará e com risco de cair. Foi isso que foi demolido”, afirmou o prefeito.

O governador Luiz Fernando Pezão criticou a destruição. “São vândalos que cometeram aquela barbaridade dentro da universidade”, disse o governador do Rio de Janeiro.

5 MINUTOS COM O REITOR

1. Como o senhor avalia o que ocorreu ?
— Nunca esperamos violência na universidade, mas estava ocorrendo convocação para esse tipo de ato violento. A palavra de ordem era “temos que ocupar a Uerj toda, destruir a Uerj toda”. Nós de uma maneira consistente e calma resolvemos conter essa violência com água.

2. Quem decidiu?
— Essa decisão foi técnica nossa, não usamos arma letal ou não-letal. Nós usamos água. Mais nada e contivemos um ato de violência que poderia ser desmedido. Não tem nenhuma situação de abuso de violência.

3. Já existe um balanço dos danos?
—Nós estamos fazendo o inventário. São R$ 100 mil. A perícia a polícia já fez. Esse inventário é cuidadoso, mas o maior estrago são as pessoas feridas.

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