Por nicolas.satriano

Rio - Entre bate-bocas e muitas explicações ontem na reunião da Comissão de Saúde da Alerj, o secretário Felipe Peixoto (PDT) acabou lançado candidato à prefeitura de Niterói, em 2016. Convocado a ir à Assembleia após moção de repúdio aprovada na semana passada pelos deputados, ele revelou que a secretaria deve R$ 1,2 bilhão a fornecedores, prestadores de serviços, funcionários e organizações sociais que gerem unidades de saúde.

Nas pouco mais de três horas, o secretário foi sabatinado e acusado de não receber parlamentares. Em alguns momentos, ficou acuado, mas aproveitou para apresentar dados e tabelas com suas ações. Conseguiu ainda responder a uma das principais insatisfações dos deputados, ao informar que fez “pelo menos 50 agendas” com políticos do estado desde que tomou posse na secretaria, em janeiro deste ano.

O secretário Felipe Peixoto deu explicações ontem à Comissão de Saúde da Alerj por mais de três horasRafael Wallace / Divulgação Alerj

Em meio ao tiroteio, o deputado Luiz Martins (PDT) saiu em defesa do correligionário e liderou desagravo ao secretário, que se transformou em ato de campanha. “Muitos que criticam aqui eram da base do governo. Tenho certeza que ele será o nosso candidato à prefeitura de Niterói”, disse Martins, ao lançar a candidatura de Peixoto à prefeitura.

Nas eleições de 2014, Felipe Peixoto chegou a ser lançado como vice-governador na chapa encabeçada pelo governador Luiz Fernando Pezão (PMDB), mas foi obrigado a desistir depois que o ex-ministro do Trabalho Carlos Lupi, presidente do PDT, resolveu lançar sua candidatura avulsa ao Senado.

Durante a audiência na Alerj, o secretário foi acusado de favorecer excessivamente a região de Niterói na gestão da saúde. “Tenho muita honra em ser da cidade que já foi capital do Rio”, argumentou Peixoto.

Átila Nunes (PSL), que na semana passada chamou Peixoto de ‘menino’, voltou à carga ontem com força total. Ao perguntar sobre contratações emergenciais feitas pela secretaria, o deputado acusou o secretário de favorecer empresas localizadas em Niterói, já pensando no pleito de 2016. “Como pode assumir para sair em abril e ser candidato? O senhor conhece as empresas?”, indagou. Peixoto negou e disse um de seus subsecretários saberiam responder.

Insatisfação tem motivos eleitorais

Não foi à toa que o deputado Dr. Deodalto, solitário representante do PTN na Alerj, sugeriu a moção de repúdio contra Felipe Peixoto e sua ida à Comissão de Saúde. Eleito o ano passado com quase 50 mil votos, Deodalto é pré-candidato à prefeitura de Belford Roxo, na Baixada, nas eleições de 2016.

Um dos motivos para a ‘revolta’ de Deodalto com Peixoto foi o fechamento pela Vigilância Sanitária da Maternidade Nossa Senhora da Glória, no reduto eleitoral do deputado do PTN.

Nas cerca de três horas em que deu explicações à Comissão de Saúde, Felipe Peixoto argumentou que a maternidade foi parcialmente reaberta na sexta-feira passada. Ele justificou o fechamento alegando que a Vigilância Sanitária fez relatórios condenando a unidade desde 2006. Entre os problemas encontrados estão a falta de higiene, de material hospitalar e até de carrinhos de maca.

Apadrinhado político do governador Luiz Fernando Pezão, Peixoto passa por um processo de “fritura” pelos aliados com o aval do PMDB do presidente da Alerj, Jorge Picciani, e do ex-governador Sérgio Cabral, contrários à nomeação do pedetista para a pasta da Saúde.

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