Por adriano.araujo

Rio - A Promotoria de Justiça da Infância e da Juventude em Matéria Infracional, do Ministério Público do Rio, pediu à Justiça nesta quarta-feira a internação provisória do menor de 17 anos que se entregou nesta terça-feira, confessando a autoria da morte de Jaime Gold, esfaqueado durante uma tentativa de assalto na Lagoa, no dia 19 de maio. Ele foi ouvido pelo órgão na noite de ontem.

Ele deve responder por ato infracional análogo ao crime de latrocínio, assim como os dois primeiros menores ouvidos pelo MP. A participação dos três será apurada em três processos, que correm em segredo de Justiça. A Justiça tem até 45 dias, a partir da data da apreensão, para decidir qual medida socioeducativa será adotada.

Primeiro menor apreendido suspeito do esfaqueamento de Jaime Gold tem 16 anos e 15 anotações na polícia. Jovem que se entregou nesta terça-feira o inocenta do crimeDaniel Carmona / Agência O Dia

A apreensão do adolescente provocou uma reviravolta na investigação da morte do cardiologista Jaime Gold. O jovem W. se entregou na 25ª DP (Engenho Novo), na madrugada desta terça-feira, alegando que foi ele quem atacou o médico. Em depoimento, o menor inocentou o primeiro adolescente apreendido, que desde o início se disse inocente. A Delegacia de Homicídios (DH), inclusive, já havia considerado o caso encerrado, mesmo com dúvidas levantadas pela defesa do suspeito sobre as provas.

Na época da detenção, que segundo os policiais aconteceu três horas após terem assumido o caso, o titular da DH, delegado Rivaldo Barbosa, disse não ter dúvidas sobre a participação de adolescente no caso. Ontem, o delegado Giniton Lages — que deu entrevista porque Rivaldo tirou férias — admitiu que pode ter um inocente entre os três suspeitos.

“Vamos fazer uma acareação e o caso não está encerrado”, afirmou, contrariando a declaração anterior do chefe. “Precisamos reavaliar todo o procedimento, apesar de termos seguido os protocolos. Polícia séria trabalha com informação”, concluiu.

Segundo informações, o menor W. pode ter se entregado após pressão de traficantes do Jacarezinho, que estavam incomodados com as diligências na favela. O primeiro adolescente apreendido havia contado à polícia que o comentário dentro da comunidade era de que o terceiro jovem era de lá e que estava se escondendo. W. tem 20 passagens pela polícia por crimes contra o patrimônio, todos na Zona Sul e com uso de faca.

O menor prestou depoimento durante a madrugada ao lado da irmã. Aos policiais, W. relatou em detalhes a dinâmica do crime, mas atribuiu as facadas desferidas na vítima ao segundo menor, Y., de 16 anos. Uma testemunha ouvida na 14ª DP (Leblon) logo após o crime, havia dito que um dos bandidos era negro e o outro, branco, como o jovem que se entregou ontem. Apesar disso, a DH apreendeu dois negros. W. teve a internação provisória decretada ontem.

Menor diz que se entregou por medo de morrer

Médico Jaime Gold morreu após ser esfaqueado e ter a bicicleta roubada na LagoaDivulgação

No depoimento, W. alegou que ele e o segundo menor apreendido estavam de bicicleta na Lagoa Rodrigo de Freitas, e abordaram Jaime Gold. Ele contou que o responsável por dar as facadas foi o comparsa. E disse ainda que o primeiro menor apreendido sequer estava no bairro no momento do crime.

Aos policiais, W. teria dito que se entregou por medo de morrer, já que estaria sendo ameaçado por traficantes do Jacarezinho.

Ao dar o caso por encerrado, o delegado Rivaldo Barbosa criticou comentários sobre a DH ter prendido um suposto inocente. “Disseram que o primeiro menor era ‘bucha’ (inocente acusado). Quando a polícia trabalha rápido, está sendo leviana, quando demora, é incompetente”. Ontem, o delegado Giniton disse que uma das motivações para a apreensão dos jovens era retirá-los das ruas porque eram reincidentes nos crimes.

Prevenção ao roubo de bike

A Alerj aprovou ontem, por unanimidade, projeto de lei que cria o sistema estadual de prevenção ao roubo e ao comércio ilegal de bicicletas. Na prática, a medida vai tipificar o crime de roubo de bicicleta, que será acompanhado pelo Instituto de Segurança Pública, possibilitando melhorar a prevenção e investigação. O projeto segue agora para a sanção do governador Luiz Fernando Pezão.

“A bicicleta é um produto rentável. É preciso saber quem são os receptadores, para onde elas vão depois de roubadas. Há também a questão do desmanche, com a venda de peças”, afirmou Martha Rocha.

Também ontem, o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, se envolveu em uma polêmica com a Supervia ao negar que a PM faça patrulhamento nas estações, conforme disse a concessionária.

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