Rio - Outra operação para desapropriar moradores de áreas consideradas irregulares pela prefeitura terminou em conflito nesta quarta-feira. Moradores da Vila Autódromo acusam o município de truculência na ação e a Secretaria de Ordem Pública (Seop) alega que servidores foram agredidos com pedras, paus e tijolos atirados contra eles. Segundo a Seop, quatro funcionários ficaram feridos. O confronto teria ocorrido no momento em que um oficial de Justiça autorizou a demolição de residências.
Em nota, a secretaria informou que esteve nas ruas Francisco Landy e Beira Rio, na comunidade, em Jacarepaguá, na Zona Oeste, para dar apoio a decisão judicial que determinava a remoção de casas. De acordo com o órgão, a operação começou às 9h, e estavam no local agentes da Seop, da Guarda Municipal, Comlurb, Light, Cedae e Polícia Militar.
Por volta das 16h, no entanto, foi informado na página do Facebook 'Vila Autódromo' que a remoção tinha sido suspensa e que prefeitura foi obrigada a cumprir decisão da Justiça impedindo a demolição. Também na página, foram publicadas fotos de uma senhora, identificada como Maria da Penha, ensanguentada e com hematoma no olho esquerdo. Segundo moradores, a senhora foi atingida por tiro de bala de borracha.
Outro ferido foi o encarregado de obra Altair Antunes Guimarães, 61 anos, que vive na comunidade há 22. "Minha casa não foi demolida, mas é questão de tempo. Fomos agredidos pela GM, levei uma paulada no cotovelo, braço e palma da mão ao tentar me defender. Literalmente foi tiro, porrada e bomba. Agiram com truculência. Foram momentos de terror, correria e pânico", contou Altair.
Apoiadora da causa Vila Autódromo, que busca impedir a demolição dos imóveis na região, a universtitária Fernanda Santos contou que a ação da prefeitura, além de truculenta, foi repentina. "Quiseram demolir os imóveis sem aviso prévio. Há um decreto que permitia a demolição das residências, porém, foi constetado. Com isso, eles só poderiam começar as demolições com uma decisão final da Justiça". Ainda segundo Fernanda, os moradores não são invasores. "Eles receberam uma concessão do Estado para utilizarem o espaço por um período de 99 anos. E isso ocorreu na década de 80", acrescentou. A estudante contou que ao longo dos anos, antes das demolições, existiam mais de 600 famílias e hoje têm poucas mais de 200.
Justiça proíbe novas demolições na Favela Metrô Mangueira
O Tribunal de Justiça, através de uma liminar concedida pela desembargadora Sandra Santarem Cardinali na última sexta-feira, proibiu novas demolições de imóveis na Favela do Metrô, na Mangueira, Zona Norte do Rio. Caso a decisão judicial não seja cumprida, a prefeitura pagará R$ 20 mil de multa por casa demolida. Na quinta-feira, nove construções foram derrubadas, culminando com um protesto.