Por marcello.victor

Rio - Atrás dos muros das unidades de internação de jovens infratores no Rio, a violência também é uma realidade. Na noite de terça-feira, mais um adolescente foi assassinado por outros menores enquanto cumpria pena socioeducativa. O terceiro caso do ano foi registrado na Escola João Luiz Alves, do Departamento de Ações Socioeducativas (Degase), na Ilha do Governador. A vítima, de 14 anos, que teria sido apreendida por crime análogo a estupro, foi espancada e estrangulada por outros internos.

O número de mortes em unidades do Degase no primeiro semestre de 2015 já ultrapassa os registros do ano passado, quando dois jovens foram mortos. No entanto, um novo fator chama atenção. Enquanto os últimos casos tinham ligação direta com as disputas de facções criminosas, o mais recente está relacionado a uma espécie de ‘justiceiros’ que agem na unidade.

“Além da crescente violência de menores nas ruas, vemos que esta agressividade continua dentro das unidades. Mas este caso sai da linha dos outros, marcados por rivalidades de facção. Agora a morte teria ocorrido por desentendimentos e por conta do delito cometido pelo jovem, que seria estupro”, enfatizou o presidente do Sindicato do Departamento Geral de Ações Socioeducativas, João Luiz Pereira Rodrigues.

De acordo com o Degase, o adolescente morreu após ter sido agredido por vários internos. Segundo policiais militares, ele também apresentava marcas de estrangulamento. A vítima ainda chegou a ser levada para o Hospital Municipal Evandro Freire, na Ilha, mas não resistiu aos ferimentos. Policiais da Delegacia de Homicídios (DH) da Capital estiveram na unidade, fizeram uma perícia e assumiram as investigações do caso.

Os envolvidos poderão responder a novo processo judicial, agora com ato infracional praticado durante o cumprimento de medida socioeducativa. O órgão informou que está prestando o auxílio necessário aos familiares da vítima.

Unidade teve outro caso

Em março, também na Escola João Luiz Alves, um adolescente de 15 anos já havia sido morto por outros internos. Na ocasião, o adolescente foi espancado com chutes e socos por outros quatro jovens do mesmo alojamento. O motivo da briga seria o fato de a vítima pertencer a uma facção diferente. Era a primeira passagem do menor pelo Degase sob acusação de assalto à mão armada.

Dois meses depois, só que desta vez no Centro de Socioeducação Irmã Asunción de La Gándara Ustar, em Volta Redonda, um adolescente de 14 anos foi encontrado morto. Apesar das suspeitas iniciais de mal súbito, dois menores acabaram confessando que agrediram e estrangularam o adolescente.

Em relação a 2014, dois casos foram registrados no alojamento socioeducativo Dom Bosco, o antigo Instituto Padre Severino, também na Ilha. Em março, um jovem de 17 anos foi morto a socos, chutes e pauladas, enquanto em julho, a vítima, de 16, foi enforcado com um lençol dentro de um dos alojamentos.

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