Por felipe.martins

Rio - Supersalários, nepotismo, gastos com festas e viagens. Estas são algumas das irregularidades apontadas nas investigações realizadas após intervenção do Ministério Público do Trabalho no Sindicato dos Empregados no Comércio do Rio de Janeiro (SECRJ). É o que revela o segundo relatório parcial da auditoria, promovida pelo interventor judicial José Carlos Nunes dos Santos, divulgado no site da entidade. Entre janeiro de 2009 a março de 2014, quase R$ 100 milhões foram desviados num esquema comandado pelo presidente Otton da Costa Mata Roma e outros três ex-dirigentes, afastados em outubro do ano passado.

O levantamento mostra que, do faturamento total de R$ 186 milhões, R$ 99 milhões foram perdidos em desvios. “O relatório traz novos indícios do uso da estrutura e das finanças do SECRJ em proveito pessoal dos dirigentes afastados pela Justiça”, diz o interventor, em nota oficial. Ele foi designado pelo MPT para gerir a entidade até a realização de novas eleições.

Otton Mata Roma foi afastado de sindicato em outubroMárcio Mercante / Agência O Dia

Outros R$ 9,8 milhões foram pagos em salários aos dirigentes afastados (média de R$ 46 mil para cada um por mês) e R$ 110 mil eram depositados todo mês na conta de 17 parentes de Otton. As investigações mostram que o sindicato também arcava com gastos pessoais dos ex-dirigentes. Como uma hospedagem do vice-presidente, Raimundo Ferreira, no valor de R$ 21 mil, em hotel cinco estrelas de Belém do Pará, onde acompanharia a festa do Círio de Nazaré.

O levantamento apontou ainda que R$ 10 milhões teriam sido pagos a escritórios de advocacia, sem a comprovação dos serviços, e R$ 586 mil foram doados a instituições filantrópicas, entre elas a Sociedade Filantrópica Solidária Fraterna (Soferj), que tinha em seus quadros os mesmos dirigentes do sindicato acusados de desvios, além de Mônica Mata Roma, irmã de Otton, que atuava como superintendente sindical.

A auditoria também encontrou lançamentos no valor de R$ 903 mil, em despesas sem qualquer relação aparente com as atividades do sindicato, como gastos em churrascaria, bebidas alcoólicas, aluguel de veículos e compra de acessórios para carros.

Sindicato foi comandado 48 anos pela mesma família

Procurados pelo DIA, Otton e os outros dirigentes não foram localizados. A reportagem deixou recados com funcionários e assessoria de imprensa do sindicato. Sem realizar eleições desde a época da ditadura militar — o sindicato foi comandado 48 anos pela família Mata Roma — na quarta-feira será escolhida a nova diretoria executiva para o período 2015-2020. O interventor informou, em nota, que a auditoria vai continuar até a posse da nova diretoria, prevista para o mês que vem.

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