Por bianca.lobianco

Rio - Traficantes de facções rivais tentaram fazer um acordo para  cessar fogo na região do Complexo do Chapadão, na Pavuna, em Costa Barros, na Zona Norte do Rio. Em conversa por rádio transmissor de 12 minutos vazada em grupos no WhatsAppp, o criminoso mais procurado do Rio, Celso Pinheiro Pimenta, o Playboy, da ADA, ordena que o chefes da facção rival CV, Ricardo Chaves de Castro Lima, o Fu, e Claudio José de Souza Fontarigo, o Claudinho da Mineira, parem de trocar tiros de longe para não atingir moradores. 

"Não estou pedindo trégua pra ninguém, não. Vocês são de uma facção, eu sou de outra. É guerra de sangue. Mas estou aqui para não chamar mais atenção da mídia, pro morador ficar tranquilo, pra criança poder brincar. A gente quer colocar uns pula-pula para as nossas crianças poderem brincar e não dá", avisa ele. O áudio está sendo analisado por agentes da Delegacia de Combate às Drogas (DCOD).

Os tiros de longe a que Playboy se refere é sobre o episódio do ataque de pelo menos 50 bandidos do CV fortemente armados a um caminhão que transportava bebidas na Avenida Brasil, na altura da Fazenda Botafogo, na tarde de 25 de maio. Ao interceptarem o veículo, os criminosos mandaram que o motorista seguisse um comboio para a comunidade da Quitanda, que faz parte do domínio da região onde Playboy atua. Houve uma intensa troca de tiros e pelo menos três mortos e três baleados. A Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) do local teve que ser fechada.


Durante a conversa, além de se mostrar "preocupado" com a repercussão na mídia, o traficante enfatiza que a trégua é só por conta dos moradores e que a guerra entre os bandidos continua. "Estou aqui para chegar a um denominador comum com esse bagulho de tiros de longe. Se não quiser parar, tá beleza, muita gente vai ser prejudicada. Eu não estou dando papo de comédia não, eu estou dando papo preocupado com morador, pra parar de dar tiro de longe. Fica na de vocês aí".

Fu da Mineira comenta a situação: “O papo de tiro já era pra ter acabado há um tempão, mas não vai ficar assim não porque eles querem descarregar fuzil na nossa cara”, explica o criminoso. 

Claudinho também participa da conversa e se preocupa em relação ao domínio de território. “Com certeza, com isso tudo que tá acontecendo, quem diminui nosso espaço é nós mesmo, porque se você tem controle aí, nós também tenta ter daqui.”

Além de debaterem o assunto sobre os moradores, as ameaças entre eles são constantes e um dos traficantes fala até em respeito de hierarquia do tráfico: "Tu não serve nem para ser bandido, tu não sabe respeitar a hierarquia", fala Playboy para um traficante que debocha da conversa.

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