Rio - O fim da Juquinha, a bala mais vendida do Brasil – e que era exportada para mais de 60 países – conforme O DIA publicou neste domingo com exclusividade, virou um dos assuntos mais comentados nas ruas e nas redes sociais. Além de lamentos pelo fechamento da fábrica da guloseima mais querida dos brasileiros há 64 anos, há especulações em torno do misterioso comprador dos maquinários e da fórmula secreta da goma. A receita, guardada a sete chaves, teria sido levada em cofre, protegido por seguranças, num helicóptero, da antiga sede, em Santo André (SP), no mês passado.
“Mal posso acreditar nessa notícia. A bala Juquinha faz parte de uma doce história da minha geração. Torço agora para que o novo dono relance o produto”, afirmou o advogado Lauro Barretto, de 59 anos. No início da noite, quase um milhão de internautas já havia acessado a reportagem. “Nós gostávamos tanto dessa bala que bastava nos dar uma para nos enganar (como dizia a propaganda do confeito no passado). É uma pena”, postou o funcionário público Irio Barbosa, 46.
Bala Juquinha tem produção suspensa e se despede depois de 64 anos
A reportagem tentou ontem à noite entrevistar novamente o italiano Giulio Luigi Sofio, de 77 anos, ex-proprietário da marca, mas, assim como na sexta-feira, ele novamente evitou falar sobre o assunto. “Não tenho nada a declarar”, repetiu.
Assim como os consumidores, ex-funcionários também estão consternados. “É difícil falar sobre o fechamento da fábrica. Era nossa segunda casa e Giulio tratava a todos como um ‘paizão’, como nos referíamos a ele”, lamentou o eletricista Sérgio Barbosa, de 49 anos, que trabalhou os últimos dez anos, até abril na empresa, de onde máquinas já foram retiradas.
A Balas Juquinha Indústria e Comércio Ltda foi fundada em 1945 com outra razão social: Salvador Pescuma Russo & Cia Ltda. No início, dedicava-se apenas à fabricação de refresco em pó efervescente. Cinco anos depois, a empresa começou a fabricar balas mastigáveis. Pouco depois, a ‘docíssima e mole’ Juquinha virou febre no País, conquistando rapidamente o mercado.
O sucesso foi ampliado ainda mais com Giulio Sofio na direção do empreendimento, comprado do português Carlos Maia em 1979. Giulio ampliou a receita mágica, dando origem a outros sabores como uva, abacaxi e coco.
Empresários teriam disputado a guloseima
Segundo comentários do mercado de doces, os equipamentos de produção e a fórmula sigilosa da bala Juquinha teriam sido adquiridos por um rico empresário do Rio de Janeiro, mas ele não seria do ramo alimentício. O que se sabe é que na capital carioca, o Grupo Porcão — dono de uma cadeia de churrascarias — era um dos maiores compradores da goma diretamente da fábrica, em Santo André (SP), assim como a Cia do Doce, revendedora de doces e balas fluminense.
De acordo com pessoas próximas a Giulio Sofio, entretanto, o italiano tinha iniciado negociações também com um empresário do Estado do Pará. De concreto, é que parte do terreno de 195 mil metros quadrados, onde ficava situada a sede da empresa, foi vendida para uma transportadora argentina. Há sete anos, quando a área foi colocada à venda, o valor estabelecido era de R$ 54,4 milhões.
“Tomara que os novos donos voltem a fabricar de novo a Juquinha. Vendemos a bala há mais de 40 anos e os fregueses estão em prantos”, diz Fernanda Ramos, 52, dona da doceria Esplendor, na Lapa, mostrando nas mãos as últimas balas que ainda tinha no estoque na última sexta-feira.
Entre as décadas de 1970 e 1990, no auge do sucesso, a empresa chegou a faturar R$ 15 milhões por ano, vendendo 600 toneladas de balas em todo o país.
Lamento e adeus ao doce tradicional
"Não dá para acreditar nisso. Fiquei muito triste com a notícia. A Juquinha representou uma parte da infância. Meu irmão e eu comprávamos nuns botequins, e saíamos abarrotados de bala Juquinha.”, Carlos Paes, 30 anos, encarregado de obras.
“As coisas boas estão se acabando. Eu quase chorei quando li essa notícia. Gente, meu amor por essa bala começou na época de escola. Lembro que eu juntava as moedinhas para comprar no colégio. Como eu vou sustentar meu vício?”, Ana Carla, 39 anos, técnica de TV a cabo.
“Estou arrasada. Essa marca representa a identidade da infância brasileira. Lembro de quando me engasgava com ela e, em seguida, abria outra e colocava na boca. Sou apaixonada pela amarelinha, por
causa do seu azedinho no início”, Elizete Guinácio, 38 anos, antropóloga.
Na Internet, a consternação foi maior ainda:
Baixando a discografia da bala Juquinha
— Baranguinha™ (@thalitaassis) 14 junho 2015
Scracho acaba, forfun acaba, bala Juquinha acaba. Eu to vendo a minha juventude levar os duros tiros do envelhecimento e fim.
— Jenifer (@Finhaalves) 14 junho 2015
Bala Juquinha para Patrimônio imaterial, tipo o acarajé! http://t.co/idDNTbwMlV
— ricardocalazans (@ricardocalazans) 14 junho 2015
O fim de uma história. Lembro que ia ao bar doido pela bala juquinha. Aquele papel que teimava em não sair por... http://t.co/whqdLSXRvP
— Cassiano Pinheiro (@Casspinheiro) 14 junho 2015
Chorando lagrimas de sangue pois a fabrica da BALA JUQUINHA FALIU e pararam a produçao #RIPBalaJuquinha
— nalu (@wtfsheepx) 1 junho 2015
E pra piorar a vida, acabaram com a produção da bala Juquinha.
— Ana Luiza (@_HeyAnalu) 15 junho 2015
Péssima notícia no @odia24horas a mais famosa guloseima, bala juquinha deixa de ser fabricada. http://t.co/rdsJedfsCu
— wellington campos (@wellingcampos) 14 junho 2015
A bala Juquinha vai parar de ser fabricada, eu não to bem. Amanhã vou em todas as lojas da cidade comprar todo o estoque de bala juquinha.
— marina (@marinaoeu) 14 junho 2015
Noticia mais triste do ano é que a bala juquinha não vai ser mais fabricada
— Leona (@frauchesju) 15 junho 2015
Vou estocar bala juquinha na minha casa inteira
— Livica (@liviamagalhaess) 15 junho 2015
COMO ASSIM VÃO PARAR DE FABRICAR BALA JUQUINHA VCS TÃO LOUCOS?????????????????
— travinha da razão (@encrenkkkk) 14 junho 2015
Bala Juquinha tem produção suspensa e se despede depois de 64 anos http://t.co/fdwFBHoAt3 o fim de 1 ícone da infância
— Sérgio Pavarini (@pavarini) 14 junho 2015