Por marcello.victor

Rio - Cerca de 300 motoristas de vans regulamentadas pela Prefeitura do Rio cruzaram os braços por tempo indeterminado e promovem um protesto pacífico em Botafogo, na Zona Sul do Rio, desde a madrugada desta segunda-feira, contra o novo sistema de circulação desse tipo de transporte alternativo e contra a proibição de circulação de veículos de transporte alternativo desde sábado no Centro, partes da Zona Norte e na Zona Sul.

O grupo se concentra desde às 3h em frente à Secretaria Municipal de Transportes (SMTR), na Rua Dona Mariana, e estacionados em ruas próximas. O grupo promete se manter reunido e se deslocar por pontos da cidade até que seja recebido pelo prefeito Eduardo Paes. A expectativa é de que mil profissionais participem da manifestação. Uma assembleia foi realizada no local

Motoristas de vans protestam em frente à Secretaria Municipal de Transportes%2C em BotafogoSeverino Silva / Agência O Dia

O protesto foi impulsionado pela nova etapa do Serviço de Transporte Público Local (STPL) da Prefeitura que proíbe a circulação de vans e kombis desde sábado nas três regiões para motoristas que integrem o antigo sistema de Transporte Especial Complementar (TEC). Os que não estiveram cadastrados no STPL serão multados. No mesmo dia foram inauguradas três novas linhas: Lins-Norteshopping, Triagem- Largo do Jacaré (via Rocha) e Higienópolis-Maria da Graça, todas circulares. Sessenta e seis veículos farão a circulação delas.

Segundo Adamor Júnior, um dos representantes do movimento, Eduardo Paes havia prometido regulamentar 3.502 vagas para motoristas e licitar outras 1.250, mas nem todos estão sendo implantadas, o que vem ocorrendo aos poucos e sem um calendário. Ainda de acordo com ele, áreas para a circulação de vans vem sendo restringidas, mas não há abertura de novas áreas para a circulação e demora para a chamada dos profissionais, acarretando prejuízo, já que a maioria tem mantido o carro na garagem por falta de espaço para trabalhar.

"O estudo da prefeitura foi feito justamente para ir aonde ninguém quer. Estamos levando ninguém para lugar nenhum", desabafou Maximiliano Roma, de 42 anos, e motorista há 17 anos. Já Wagner Villar, de 51 anos, motorista há 15, parou de trabalhar e está com a van recém comprada parada na garagem. "Não comprei para correr que nem um bandido. Queremos que a prefeitura no mínimo cumpra a parte dela que é garantir a rentabilidade, a segurança e atender a população."

"Muitos são licitados, mas estamos circulando em áreas proibidas pela Prefeitura. Não se sabe quando vão implantar o sistema como um todo. Não há rentabilidade econômica e financeira para nós, além de risco de vida em áreas em que não há condições de serem atendidas por questões de segurança pública. Vários motoristas que enfrentaram um processo licitatório exigente, compraram veículos novos, fizeram cursos, estão com a prestação de seus carros atrasadas por que não podem trabalhar. Queremos o aumento no número de licitações e a arrumação do sistema SLTP como um todo", exigiu Adamor. Atualmente, 5.800 motoristas estão regulamentados. Porém, cerca de 4.200 estão excluídos devido a restrição de circulação nas áreas determinadas pela Prefeitura. Uma nova licitação ocorreria para mais 1.250 vagas.

Grupo está em frente à Secretaria Municipal de Transportes desde a madrugada desta segunda-feiraOsvaldo Praddo / Agência O Dia

Reclamação recorrente e outro ponto reivindicatório dos motoristas de vans é referente as linhas que foram implantadas pela Prefeitura. Itinerários pouco rentáveis e em áreas de risco são motivo de preocupação e entre a categoria. Eles querem a revisão de todo o sistema STPL e a expansão da licitação para novas vagas de motoristas regulamentados. Atualmente a maioria ainda integra o antigo TEC.

"O STPL já nasceu morto. São linhas que levam do nada a lugar nenhum. Não existe reordenação desse novo modal. É o extermínio de uma categoria", reclamou Adamor.

Durante a madrugada, motoristas ouvidos pelo DIA se diziam decepcionados e frustrados com a atual situação depois de um exigente processo licitatório. A maioria afirmou que adquiriu veículos novos, realizou o curso coletivo de passageiro - exigido conforme resolução do Detran-RJ e teve que provar que não havia dívidas no mercado e foi até submetido ao levantamento de antecedentes criminais.

Muitos motoristas também denunciaram as constantes abordagens suspeitas e sem funcionários identificados como estando a serviço da Prefeitura. Segundo alguns, eles vem sendo perseguidos por policiais em carros não identificados e pelo Detro. A fiscalização só poderia ser feita por funcionários da Secretaria Municipal de Transportes.

?Colaborou: Clara Vieira

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