Por nicolas.satriano

Rio - A um passo de ingressar nas universidades públicas federais, parte dos 55 mil estudantes aprovados pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu) correm o risco de serem barrados na porta. A chave para o Ensino Superior está nas mãos dos servidores técnicos-administrativos de 56 instituições, em greve há 19 dias. Eles prometem impedir a matrícula dos novos alunos a partir desta sexta-feira. No Rio de Janeiro, o boicote ameaça o registro de quase 8 mil estudantes selecionados para a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e para a Universidade Federal Fluminense (UFF).

A decisão dos funcionários segue uma resolução aprovada pelo Comando Nacional de Greve da Federação de Sindicatos de Trabalhadores em Instituições de Ensino Superior (Fasubra), aprovada em assembleia na última segunda-feira, em Brasília.

Técnicos da UFRJ pedem reajuste de 27%2C3% e melhores condições de trabalho. Paralisação já dura 19 diasReprodução

A orientação da Fasubra é para que os procedimentos relativos ao Sisu sejam suspensos em todas as universidades federais em greve no país, onde houver matrículas presenciais. A entidade explica que a medida vale enquanto o governo não receber os grevistas com uma contraproposta às reivindicações encaminhadas para pôr fim ao movimento grevista. Ainda não há informação de quantas universidades do país seguirão o exemplo da UFRJ e da UFF.

Milton Madeira, coordenador de políticas sindicais do Sindicato dos Trabalhadores em Educação da UFRJ (Sintufrj), garante que os alunos que terão as matrículas suspensas não perderão as vagas. “A mobilização é a favor deles também. Não adianta entrar na universidade e não ter condições de estudar”, diz. Segundo Milton, a emissão de diplomas e o pagamento dos bolsistas não serão suspensos por se tratarem de serviços essenciais.

Celso Procópio, coordenador-geral do Sintufrj disse que a intenção é parar toda a instituição. “Alguns setores ainda não aderiram à greve, como a Faculdade de Odontologia. Os funcionários dos departamentos responsáveis pela matrícula já sinalizaram a adesão”, afirmou o sindicalista. A UFRJ informou por meio da assessoria que não comentaria o assunto.

MEC: Estudante não pode ser prejudicado

O Ministério da Educação (MEC) afirmou, em nota, que o estudante não poderá ser prejudicado pela paralisação dos servidores administrativos. De acordo com o órgão, as instituições têm que assegurar o direito do aluno à matrícula. O ministério lembrou que, por lei, 30% dos funcionários devem manter o atendimento nas universidades durante o período de greve.

Se a decisão de suspender as matrículas for mantida, o MEC propõe às universidades que façam a inscrição online dos estudantes selecionados pelo Sisu. O ministério disse que essa medida já foi adotada anteriormente, pela própria UFRJ numa situação semelhante.

Nesse caso, o estudante confirmaria a matrícula e, mais tarde, quando a greve chegar ao fim, ele apresentaria os documentos para comprovar as informações prestadas no cadastro pela internet.

Os servidores das universidades federais reivindicam 27,3% de reajuste, mais investimento na educação e melhores condições de trabalho.

Mais de 116 mil bolsas nas particulares

Quem não conseguiu garantir uma vaga nas universidades públicas por meio do Sisu tem ainda a opção de tentar bolsas de estudo em faculdades particulares pelo Programa Universidade para Todos (Prouni). O segundo processo seletivo de 2015 terá 116.004 bolsas em 856 instituições de ensino superior. Para fazer a inscrição, o candidato deve ter participado do Enem de 2014 e obtido no mínimo 450 pontos na média das notas. Ele também não pode ter zerado a redação.

As inscrições para o Prouni foram abertas ontem e vão até às 23h59 de amanhã. O processo prevê uma única etapa de inscrições, exclusivamente pela internet, pelo site prouniportal.mec.gov.br. O programa é destinado a estudantes de baixa renda.

Para confirmar o cadastramento, os candidatos precisarão informar o número de inscrição e a senha usados no Enem. O resultado da primeira chamada sairá na segunda-feira.

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