Por nicolas.satriano

Rio - Os parentes da jovem candomblecista Kailane Campos, de 11 anos, agredida no domingo com uma pedrada na cabeça — segundo testemunhas, por um grupo de evangélicos — iniciaram uma campanha pelas redes sociais contra a intolerância religiosa que mais uma vez produziu vítimas entre praticantes de religiões de matriz africana.

A campanha foi uma iniciativa da avó da vítima, Kathia Coelho Maria Eduardo, de 53 anos, conhecida na religião como Vó Kathi. Indignada com a agressão à neta, Kathia não quis esperar as investigações da polícia para chamar a atenção da sociedade para o problema.

Candomblecistas de vários estados posaram com cartaz de protesto%2C como o usado por Kailane (centro)Divulgação

Vestida com roupas típicas do Candomblé, ela postou uma foto no Facebook segurando um cartaz com os dizeres: “Eu visto branco, branco da paz. Sou do candomblé, e você?”. Rapidamente, centenas de candomblecistas de todo o país fizeram o mesmo.

“É preciso chamar a atenção de todos para o que está acontecendo. Não faz sentido a gente ser agredido nas ruas, nem ser ofendido por seguir uma religião diferente das outras pessoas. Isso tem que acabar de uma vez por todas”, disse Kathia.

No próximo domingo, candomblecistas e umbandistas farão uma passeata no Largo do Bicão, na Vila da Penha, a partir das 10h, para protestar contra a intolerância religiosa.

Em entrevista ao ‘RJTV’, Kailane contou o drama que passou ao ser perseguida na rua até ser atingida por uma pedra na cabeça. “Achei que ia morrer. Eu sei que vai ser difícil. Toda vez que fecho o olho, vejo tudo de novo. Isso vai ser difícil de tirar da memória”, disse a menina.

O caso foi registrado na 38ª DP (Brás de Pina) como preconceito de raça, cor, etnia ou religião, além de lesão corporal provocada pela pedrada. Os agressores fugiram num ônibus que passava pela Avenida Meriti, local da agressão.

Os policiais estão analisando as imagens gravadas por câmeras de segurança do bairro para tentar identificar os agressores.

O presidente da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa do Rio de Janeiro. Ivanir dos Santos, defende a importância da punição aos responsáveis.

“Não foi um fato isolado. A punição precisa ser exemplar”, disse Ivanir.

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