Por clarissa.sardenberg

Rio - Vestidas com roupas brancas, centenas de pessoas se despediram neste sábado do médium Gilberto Arruda, de 74 anos. Ele foi sepultado no próprio Centro Espírita Lar de Frei Luiz, em Jacarepaguá, na Zona Oeste, onde morava e realizava os trabalhos de curas espirituais. A vítima foi encontrada morta na manhã de sexta-feira pela viúva, dentro de casa. Gilberto estava amordaçado, com as mãos amarradas e o rosto ferido.

GALERIA: Médium Gilberto Arruda é sepultado na Taquara

O médium Gilberto Arruda foi sepultado neste sábado%2C no próprio Lar de Frei Luiz. Na manhã de sexta-feira%2C ele foi encontrado morto no centro espíritaAlexandre Vieira / Agência O Dia

A polícia investiga se o assassino do médium pode ter entrado no local por uma trilha na mata, atrás do centro espírita. De acordo com testemunhas, havia manchas de sangue onde o corpo de Gilberto foi encontrado e sinais de arrombamento em uma das janelas.

Agentes da Delegacia de Homicídios (DH) da Capital estiveram na residência do médium por cerca de uma hora e concentraram suas diligências no quarto onde ele foi morto. Segundo fontes da polícia, foi feita uma perícia complementar no cômodo.

O corpo do médium foi velado por três horas na quadra esportiva do Centro. Sob forte comoção, parentes e amigos de Gilberto deram as mãos e fizeram uma corrente de orações por ele. Na porta do ginásio, foi colocado cartaz com a imagem de Gilberto e a mensagem: “Não estou partindo, estou apenas dando continuidade à minha jornada. Rezem por mim.”

O ator Carlos Vereza era amigo de Gilberto há 27 anos e estava muito abalado com a morte do espírita. “É muito tempo de amizade. Era uma pessoa dócil. O que mais nos choca é que o país está doente, onde os loucos começam a assassinar até mesmo aquelas pessoas que só fazem o bem, e até matam dentro de um local santo como este. Quando a caridade é morta, é porque o país está putrefato”, criticou Vereza.

Centenas de pessoas%2C entre elas o ator Carlos Vereza (centro)%2C compareceram ao velório do médium Gilberto ArrudaAlexandre Vieira / Agência O Dia

Coordenador espiritual da casa, Nelson Duarte lembrou que Gilberto chegou ao Lar de Frei Luiz aos 6 anos pelas mãos do fundador da casa, Rocha Lima. De acordo com frequentadores, Gilberto realizava cirurgias espirituais em pacientes graves. Os frequentadores acreditam que ele incorporava o espírito do médico alemão Frederich Von Stein.

“A cada 20 mil pessoas podemos encontrar uma com a habilidade dele, que era tão rara, com características de mediunidade. O trabalho dele continuará. Porque a vida existe após a morte. A morte é apenas um fenômeno biológico. Lamentamos a maneira como isso aconteceu”, lembrou Duarte.

Casa da vítima fica interditada

Dois funcionários do Centro Espírita Lar de Frei Luiz, na Taquara, foram interrogados por investigadores da Delegacia de Homicídios. Segundo pessoas que vivem no local, Gilberto e a mulher dormiam em quartos separados em uma casa, que ficará interditada até amanhã para passar por outros exames periciais.

Os peritos da Delegacia de Homicídios recolheram mais objetos do quarto da vítima, além de digitais para identificar quem esteve no cômodo. Apesar de os agentes da DH não revelarem qual linha de investigação estão seguindo, frequentadores do centro não acreditam na hipótese de crime por intolerância religiosa, e alguns chegaram a falar em motivação passional.

Não há câmeras próximo à residência de Gilberto, mas há vigilantes 24 horas em todo o terreno. No Centro Espírita moram entre 40 e 50 pessoas, sendo grande parte idosos. O funcionamento da instituição foi interrompido, mas retornará neste domingo, a partir das 7h.


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