Por nicolas.satriano

Rio - Após três semanas de aflição, os atendimentos no Centro de Tratamento de Anomalias Craniofaciais (Ctac) do Hospital Universitário Pedro Ernesto (Hupe), da Uerj, foram finalmente retomados. A agenda para pacientes -- crianças e adultos -- com má formações congênitas (fendas labial e palatina) foi reaberta nesta segunda-feira e o serviço caminha para a normalização.

Apesar disso, mais problemas ligados ao repasse de verbas do Estado para o Centro impedem a finalização de um ciclo de atendimentos continuados. Entre as dificuldades, o aumento não só do número de atendimentos primários, mas também dos secundários. Mais grave é a possibilidade do desfecho de anos de tratamento não ter um final feliz. A falta de verba para a compra de placas e parafusos é o motivo.

Segundo contam médicos do Centro, as cirurgias ortognáticas -- essenciais para coroar o restabelecimento de um padrão estético -- estão atravancadas por falta de material cirúrgico. Apesar de já licitado, não há sinal da Secretaria de Estado de Saúde de que a compra será feita. Estima-se que sejam necessários R$ 75 mil reais para dar seguimento às cirurgias, paradas desde novembro de 2014. O valor cobriria a intervenção cirúrgica de 15 pacientes já aptos para a operação. Outros 280 estão a caminho de finalizar o tratamento.

Questionada pelo DIA sobre a regularização de repasses, a Secretaria de Estado de Saúde informou que foram liberados à unidade os seguintes valores: R$ 267.903,38, em 16 de março; R$ 297.486,15 em 9 de junho; e R$ 303.453,06 em no último dia 18. Somados, os valores chegam a R$ 868.842,59, que deveriam ser usados para custeio e folha de pagamento dos profissionais que atuam na unidade, referente aos meses de janeiro a junho de 2015. Segundo as informações encaminhadas ao DIA, à secretaria cabe o repasse de verba para a administração da unidade. No que se refere a gestão de recursos, a secretaria informou que os pagamentos são de competência da Uerj. 

A reportagem entrou em contato com a Uerj, que indicou a própria direção da policlínica como capacitada a responder aos questionamentos. Da unidade de saúde, no entanto, não houve resposta. 

Pacientes e equipe aliviados

Como lembrou o médico-cirurgião Henrique Cintra, coordenador da unidade, o Ctac é o único centro de tratamento, no Rio, que atende pacientes desde a infância até a idade adulta. A interrupção prolongada dos tratamentos podia desmotivar pacientes, segundo avaliou o médico.

"O meu medo era que esses pacientes, que perceberam o direito que têm ao atendimento médico, à cidadania, se desmobilizassem (com a paralisação dos atendimentos). Desde sempre o objetivo do projeto é atender ao público com eficiência, criando esse vínculo médico-paciente", reforçou. Assim como Cintra, a equipe estava visivelmente aliviada com a volta do serviço. O bom humor da equipe pareceu reacender o espaço, que fica na Policlínica Piquet Carneiro, no bairro São Francisco Xavier.

Para a pedagoga Luciana Azevedo, mãe de Jonathan Victor Azevedo, de 1 ano e 9 meses, a volta dos atendimentos "é um alívio muito grande". Ainda preocupada com o futuro do Ctac, Luciana chamou a reabertura de agenda de vitória.

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