Por felipe.martins

Rio - Nos últimos oito anos e cinco meses, um policial foi expulso do serviço público a cada dois dias. Desde o início do governo Sérgio Cabral e Luiz Fernando Pezão, em 1º de janeiro de 2007, até o final de maio deste ano, foi contabilizado um total de 1.994 desligamentos de agentes de segurança por algum desvio de conduta.

A corporação campeã em expulsões é a Polícia Militar com 1.764 afastamentos. O número foi divulgado nesta quarta-feira pelo próprio governador Pezão, numa justificativa em referência à investigação sobre possível envolvimento de agentes do Batalhão de Operações Especiais (Bope) no desaparecimento do pedreiro Amarildo Souza, há dois anos.

As expulsões na PM foram coordenadas pela Corregedoria Interna, que afastou 1.672 militares, e também pela Secretaria de Segurança, através da Corregedoria Geral Unificada (CGU). O órgão é responsável pela Polícia Civil, que desligou 230 agentes. A CGU também expulsou 92 oficiais PMs que foram investigados pela secretaria. Segundo a Polícia Civil, são feitas ações constantes para prender policiais que cometem crimes, como em outubro, quando oito foram presos por atuar em quadrilha especializada em aborto.

Pezão argumentou que mesmo com desvios de conduta, as polícias diminuíram a criminalidade no estado. “É a mesma polícia que está batendo recordes de prisões todo mês. Tem maus policiais, mas não podemos julgar 60 mil policiais por desvio de 8, de 10, de 12. Se teve um governo que cortou na própria carne foi o nosso. Não compactuamos com o erro”, contou.

O cientista político Paulo Baía, especialista em Segurança Pública, analisa que o número mostra o combate às irregularidades, mas defende que as corregedorias sejam externas, e não atreladas às polícias e Secretaria de Segurança, para que trabalhem de forma independente. “Defendo que alguns policiais sejam escolhidos pela boa conduta e trabalhem em uma corregedoria atrelada ao Ministério Público. Há, inclusive, quem defenda que seja ligada ao Judiciário”, alegou.

Nova apuração do caso Amarildo terá apoio do estado

O governador Luiz Fernando Pezão garantiu ontem que novas investigações sobre o desaparecimento do pedreiro Amarildo de Souza terão amparo do estado. Segundo denúncia do Ministério Público (MP), o ajudante de pedreiro foi torturado e morto em 2013, na Rocinha. O corpo nunca apareceu.

O MP reabriu a investigação esta semana por conta de uma nova análise de câmeras, onde há suspeita de que agentes do Bope tenham carregado volume em viatura que poderia ser o corpo da vítima. “O Ministério Público está fazendo o seu papel. Não vamos nos furtar de dar informações. É importante registrar que 12 PMs do caso estão presos”, recordou Pezão.

O Inquérito Policial Militar (IPM) feito em novembro de 2013, periciou as viaturas do Bope que entraram na Rocinha na noite do crime. Foram encontrados vestígios de sangue, mas não compatíveis com o DNA de Amarildo. Foram afastados das ruas, provisoriamente, 14 policiais do Bope. Eles devem depor hoje no IPM aberto pela corporação, além de serem ouvidos novamente pelo Ministério Público.

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