Por adriano.araujo

Rio - "Isso seria um genocídio contra os adolescentes.” A avaliação a respeito da proposta de redução da maioridade penal vem de uma das maiores especialistas em juventude do país, Evelyn Eisenstein.

Evelyn diz que sociedade precisa entender a sua responsabilidadeDivulgação

Com 40 anos de experiência no cuidado com jovens, inclusive meninos de rua e infratores, Evelyn é professora de Pediatria e Clínica de Adolescentes da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e diretora da Clínica de Adolescentes e do Centro de Estudos Integrados, Infância, Adolescência e Saúde. Ela garante que o jovem de 16 anos ainda está em processo de crescimento, mais exatamente na segunda fase da adolescência, a média, que é o “momento de experimentar”, marcada pela impulsividade e até mesmo a agressividade. “É um momento fundamental, mas de muita vulnerabilidade. É preciso oferecer a ele alternativas positivas para canalizar esses impulsos, ligadas, por exemplo, ao trabalho comunitário, ao esporte, à cultura, a fim de que ele se sinta parte da sociedade”, diz.

Para ela, antes de se pensar em levar os jovens para o sistema penitenciário, é preciso cumprir o Estatuto da Criança e do Adolescente, melhorando condições do sistema socioeducativo. “Não há onde colocar os menores no sistema prisional. E é preciso dizer que os abrigos para onde eles vão atualmente não são propriamente um jardim. É preciso desenvolver muito o atendimento e esse é um investimento que a nação tem que fazer. Afinal, esses adolescentes foram abandonados e excluídos desde a sua infância e são triplamente penalizados, com traumas causados pela violência social, pela exploração do tráfico e por medidas restritivas de sua liberdade".

Para ela, o jovem infrator precisa ser visto pela sociedade como um adolescente traumatizado. “É necessário ensinar a ele o que é o limite, a regra social. Isso é todo um novo aprendizado”, explica.

?Dom Orani no 3º debate

A série de encontros “Mais Convivência, Menos Violência”, promovido pelos jornais O DIA, ‘Meia Hora’, e o Observatório de Favelas, terá terça-feira seu terceiro debate agendado. Depois da Maré e Vidigal, agora é a vez da Cidade Nova sediar o bate-papo sobre alternativas à redução da maioridade penal.

O encontro, às 19h30, no Circo Crescer e Viver (Rua Carmo Neto, 143), será mais uma vez mediado pelo jornalista André Balocco e terá a transmissão da TV Redevida (canal 193 da Net). Os convidados da noite serão Atila Roque (Anistia Internacional), Ericka Gavinho (Crescer e Viver), Jaílson Silva (Observatório de Favelas) e o Arcebispo do Rio de Janeiro Dom Orani Tempesta.

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