Rio - "Isso seria um genocídio contra os adolescentes.” A avaliação a respeito da proposta de redução da maioridade penal vem de uma das maiores especialistas em juventude do país, Evelyn Eisenstein.
Com 40 anos de experiência no cuidado com jovens, inclusive meninos de rua e infratores, Evelyn é professora de Pediatria e Clínica de Adolescentes da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e diretora da Clínica de Adolescentes e do Centro de Estudos Integrados, Infância, Adolescência e Saúde. Ela garante que o jovem de 16 anos ainda está em processo de crescimento, mais exatamente na segunda fase da adolescência, a média, que é o “momento de experimentar”, marcada pela impulsividade e até mesmo a agressividade. “É um momento fundamental, mas de muita vulnerabilidade. É preciso oferecer a ele alternativas positivas para canalizar esses impulsos, ligadas, por exemplo, ao trabalho comunitário, ao esporte, à cultura, a fim de que ele se sinta parte da sociedade”, diz.
Para ela, antes de se pensar em levar os jovens para o sistema penitenciário, é preciso cumprir o Estatuto da Criança e do Adolescente, melhorando condições do sistema socioeducativo. “Não há onde colocar os menores no sistema prisional. E é preciso dizer que os abrigos para onde eles vão atualmente não são propriamente um jardim. É preciso desenvolver muito o atendimento e esse é um investimento que a nação tem que fazer. Afinal, esses adolescentes foram abandonados e excluídos desde a sua infância e são triplamente penalizados, com traumas causados pela violência social, pela exploração do tráfico e por medidas restritivas de sua liberdade".
Para ela, o jovem infrator precisa ser visto pela sociedade como um adolescente traumatizado. “É necessário ensinar a ele o que é o limite, a regra social. Isso é todo um novo aprendizado”, explica.
?Dom Orani no 3º debate
A série de encontros “Mais Convivência, Menos Violência”, promovido pelos jornais O DIA, ‘Meia Hora’, e o Observatório de Favelas, terá terça-feira seu terceiro debate agendado. Depois da Maré e Vidigal, agora é a vez da Cidade Nova sediar o bate-papo sobre alternativas à redução da maioridade penal.
O encontro, às 19h30, no Circo Crescer e Viver (Rua Carmo Neto, 143), será mais uma vez mediado pelo jornalista André Balocco e terá a transmissão da TV Redevida (canal 193 da Net). Os convidados da noite serão Atila Roque (Anistia Internacional), Ericka Gavinho (Crescer e Viver), Jaílson Silva (Observatório de Favelas) e o Arcebispo do Rio de Janeiro Dom Orani Tempesta.