Por adriano.araujo

Rio - A quinze meses das eleições municipais, o PMDB caminha para pacificar disputas internas e apresentar chapa ‘puro-sangue’ na sucessão da Prefeitura do Rio em 2016, como adiantou o ‘Informe do DIA’. Com o possível arranjo, o PT, que atualmente tem a vice de Eduardo Paes, perde espaço. Neste cenário, Pedro Paulo Carvalho, o todo poderoso secretário municipal de Coordenação, deverá concorrer à Prefeitura tendo ao lado o deputado estadual Rafael Picciani como candidato a vice.

Segundo O DIA apurou, a liderança peemedebista do Rio quer evitar, com o acordo, um racha entre Pedro Paulo e o deputado federal Leonardo Picciani (PMDB-RJ), que se colocava na corrida da sucessão municipal. Ao deputado, garantiu-se a legenda para o Senado em 2018. Internamente, avalia-se como positiva sua atuação como líder da bancada na Câmara.

Embora ainda não assumam, os caciques do partido adotaram a estratégia de aumentar a visibilidade de Rafael Picciani, irmão de Leonardo. Para isso, sua a agenda de fim de semana na secretaria de Transporte tem sido turbinada. Sempre em trio — com Paes e Pedro Paulo —, Rafael inaugura escolas, postos de atendimento do Programa Saúde da Família e creches, desde maio.

Tratado como 'primeiro-ministro' do governo municipal%2C o peemedebista Pedro Paulo articula para disputar a prefeitura do Rio na companhia do secretário Rafael PiccianiBanco de imagens

Não seria a primeira vez que o PMDB concorre com uma chapa puro-sangue. Em 2006, Sergio Cabral teve Luiz Fernando Pezão como vice. Dois anos depois, na eleição de Eduardo Paes, o peemedebista Alberto Vieira Muniz também serviu de vice. E, em 2010, Cabral repetiu a dose.

Oficialmente, Leonardo diz que ainda disputará com o ‘primeiro-ministro’ de Paes a vaga do PMDB. Entretanto, segundo apurou O DIA, o acordo foi fechado entre o prefeito Eduardo Paes, padrinho de Pedro Paulo, e o deputado Jorge Picciani, pai de Leonardo e Rafael e presidente da Alerj.

Manter a aliança com o PT no Rio, dizem fontes do PMDB, é muito mais uma preocupação de Paes do que de Picciani que, nas eleições presidenciais, esteve com Aécio Neves (PSDB) contra Dilma Rousseff (PT). Segundo um interlocutor, para Picciani, “seria um favor que o PT faria”, se rompesse.

A interpretação é que a aliança com petistas não traz mais tanto benefício. Paes, porém, mantém sua proximidade pragmática com o ex-presidente Lula.

“Ainda está cedo para se discutir. Então, não tem isso”, negou Jorge Picciani, presidente do PMDB fluminense, deixando, contudo, uma frase no ar: “Unidade e harmonia na luta.”

Seu filho Leonardo preferiu adotar o tom de brincadeira. “Meu irmão é mais novo, cheio de gás. Por isso, da agenda. Tudo está indefinido”, completou. Procurado, Pedro Paulo não comentou.

?Campeões de votos prometem entrar na corrida municipal

Em 2012, Eduardo Paes foi reeleito no primeiro turno — com o deputado estadual Marcelo Freixo (Psol) em segundo lugar — com grande diferença de votos, cenário que não deve se repetir em 2016. Na lista de pré-candidatos para o pleito do ano que vem, estão alguns dos campeões de votos das eleições de 2014. E a previsão é de que a disputa à prefeitura será uma das mais concorridas da história do Rio.

O principal nome que desponta nesse cenário é o do senador Romário (PSB), eleito com 4,5 milhões de votos. Sua posição nas próximas eleições, porém, é uma incógnita: até agora, ele fez ‘campanha’ com Pedro Paulo em janeiro, e Paes já disse diversas vezes que espera ver o Baixinho ao lado do PMDB na corrida municipal.

O único pré-candidato oficial para disputa é o senador Marcelo Crivella (PRB). Ele chegou a ensaiar uma ida para o PDT, mas decidiu ser candidato pela legenda que o levou para o segundo turno nas eleições para o governo do estado no ano passado. A diferença para o eleito Luiz Fernando Pezão (PMDB) foi de apenas 476 mil votos. Crivella teve 1,2 milhão de votos na capital em 2014, mas foi derrotado nos pleitos municipais de 2004 e 2008.

Bem votados%2C Marcelo Freixo (Psol)%2C Marcelo Crivella (PRB)%2C Clarissa Garotinho (PR) e Romário (PSB) se preparam para entrar na corrida pela sucessão de Eduardo Paes Banco de imagens

Enquanto isso, em Brasília, Romário já tentou articular tirar Clarissa Garotinho do PR. Ela, quarta deputada federal mais votada da capital, com mais de 300 mil votos, já conversou com o senador, mas está tentada a ir para o PSDB.

Neste mês, por exemplo, ela participou de reunião da bancada tucana e postou fotos ao lado do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. Por enquanto, Clarissa e o partido ainda não discutiram se a candidatura fará parte das negociações.

Na lista dos mais votados com chances de concorrer também está o deputado estadual Marcelo Freixo, do Psol. Ele teve quase um milhão de votos na disputa contra Eduardo Paes em 2012 e se tornou o deputado estadual mais votado do Brasil (350 mil votos) ao se reeleger para a Assembleia Legislativa do Rio, em 2014.

Antes da vitória de Paes sobre Freixo, em 2012, só César Maia (DEM), em sua terceira eleição, em 2004, conseguiu vencer um pleito carioca em primeiro turno. Em 1985 e 1988, Saturnino Braga e Marcelo Alencar venceram diretamente, antes do estabelecimento do segundo turno. Em 1992 e 2000, Cesar Maia saiu atrás no primeiro turno, mas conseguiu, depois, derrotar Benedita da Silva e Luiz Paulo Conde.

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