Por adriano.araujo

Rio - Cinco policiais militares rendidos por traficantes na UPP do Morro do Fallet, na tarde de sexta-feira, foram presos administrativamente. Os soldados vão ficar à disposição do Comando Geral da PM enquanto a corporação investiga se houve negligência por parte deles. A Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP) informou que os criminosos já foram identificados e que estão sendo procurados. À noite, dois homens foram detidos na comunidade com uma pistola, mas não havia confirmação se eram suspeitos do ataque

Áudios de conversas entre outros PMs aos quais O DIA teve acesso mostram que os policiais rendidos estavam em um setor abaixo do contêiner da UPP quando foram ameaçados e tiveram as pistolas tomadas por criminosos. Os bandidos só teriam devolvido as armas depois que receberam uma ordem de líderes do Comando Vermelho de dentro de uma carcerária do Rio.

“Os ‘104 milhão’ (parte do número de registro dos policiais rendidos). Renderam eles, pegaram as pistolas, botaram na mochila e estão lá esculachando eles”, revelou um policial pelo WhatsApp. Outro agente revelou que sete policiais estavam sendo feitos reféns. “Setor abaixo do contêiner que tinha sete policiais, todos eles de pistola, foram rendidos.”

A comunidade do Fallet tem Unidade de Polícia Pacificadora%2C que faz patrulhamento rotineiro nas ruas. A atuação da polícia do Rio de Janeiro foi criticada em relatório global do governo dos Estados UnidosSeverino Silva / Arquivo Agência O Dia

Outro relato aponta que os policiais foram postos sentados no meio fio e levaram tapas no rosto. Em nota, a CPP informou que a apuração está sendo feita pela 8º Delegacia de Polícia Judiciária Militar. “Cabe esclarecer que não houve roubo de armas e munições e nem ataque às bases da UPP”, acrescentou. Agentes do Bope reforçam o policiamento no local.

Polícia do Rio é criticada

No capítulo sobre o Brasil, em relatório anual sobre a situação global dos direitos humanos, o governo americano fez críticas sobre o uso excessivo da força pelas polícias estaduais do país e, sobretudo, no Rio. O documento cita que, na cidade, os casos ocorrem principalmente em favelas e lembra que 241 pessoas morreram no ano passado “por resistência à prisão”.

“Uma parcela desproporcional das vítimas era de negros, com menos de 25 anos. ONGs do Rio de Janeiro questionam se as vítimas de fato resistiram à prisão”, diz o relatório.

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