Por felipe.martins

Rio - Parecia cena de filme de ação, mas um assalto real, com reféns e tiroteio, aconteceu nesta terça-feira à tarde na Taquara. Seis bandidos armados invadiram uma agência da Caixa Econômica Federal e fizeram 24 clientes ou funcionários e três vigilantes reféns. A ação terminou com um preso e um arma de brinquedo apreendida, após a entrada de agentes do Batalhão de Operações Especiais (Bope) no local. Todas as vítimas foram libertadas e pelo menos cinco bandidos conseguiram escapar.

Polícia cercou agência e agentes do Bope colocaram todos no chão%2C até que o suspeito fosse identificado%2C misturado entre os clientesReprodução

A tentativa de assalto aconteceu por volta das 16h30 na agência da Praça Jauru. Segundo PMs, todos os bandidos entraram no banco usando armas de plástico, para não travar o detector de metais da porta giratória. Dentro da agência, renderam os vigilantes e pegaram suas armas.

Um funcionário do banco conseguiu acionar a Polícia Militar, que enviou equipes do 18º BPM (Jacarepaguá). Quando os PMs cercaram o estabelecimento, cinco criminosos tentaram fugir e trocaram tiros com os policiais. Houve pânico de pedestres e passageiros de ônibus que passavam pelo local. Um Clio, estacionado na rua, foi atingido por disparo. Um coletivo da linha 889A (Sulacap-Alvorada), teve a lataria e vidros perfurados. Ninguém ficou ferido. Peritos examinaram o veículo no local.

Baleado, um ladrão fugiu de moto, segundo testemunhas. Os outros quatro também escaparam do cerco. O Grupo de Resgate e Retomada do Bope chegou e entrou na agência. Os policiais identificaram um suspeito que se passava por cliente.

Com o criminoso, foi apreendida uma pistola calibre 40 (pode ter sido tomada de um vigilante) e uma mochila com dinheiro roubado do banco. De acordo com o comandante do 18º BPM (Jacarepaguá), tenente coronel Rogério Figueiredo, ao todo três armas, sendo dois revólveres e uma pistola, foram apreendidas. Os ‘caveiras’ fizeram triagem entre os reféns para tentar identificar mais suspeitos. Todos as 27 pessoas que estavam na agência foram levadas para a sede da Polícia Federal, na Praça Mauá, em um ônibus, onde seriam identificados e prestariam depoimento. Até o fim da noite de terça-feira, ninguém havia saído da delegacia.

Crime foi retratado em filme

A ação dos bandidos na agência da Caixa Econômica poderia ter sido inspirada na ficção. No filme americano ‘O Plano Perfeito’, quatro assaltantes se misturam aos clientes para desorientar e confundir os agentes de segurança.

No ‘thriller’ policial dirigido por Spike Lee, os criminosos entram em um movimentado banco em Nova York (EUA) vestidos com macacões e capuzes e anunciam o assalto para as 50 pessoas, entre clientes e funcionários.

Com a chegada da polícia, os assaltantes obrigam os clientes a usar o mesmo disfarce da quadrilha, deixando a dúvida de quem é vítima ou bandido.

‘Reforço na segurança’

Para o coronel Paulo Amêndola, fundador do Bope, a segurança nas agências bancárias precisa ser redobrada. “Ainda existem bancos que nem possuem portas com detectores de metais. Os vigilantes precisam estar mais atentos. O ideal é que houvesse viatura baseada próximo de agência, mas não há efetivo para isso. A ação do Bope foi estratégica”, comentou.

Homens do Bope entraram na agência da CEF%2C na Taquara%2C para resgate de refénsWhatsApp O DIA (98762-8248)

Ainda segundo o especialista, os vigilantes não devem reagir a tentativas de assalto. “Dentro da agência sempre há muitos clientes. Numa troca de tiro, fatalmente um deles seria atingido”, ponderou. No último dia 12, dois vigilantes foram presos, acusados de assaltar agência bancária no Leblon, na Zona Sul. Eles confessaram o crime. A dupla teria acertado com bandidos o horário e o dia em que eles estariam trabalhando para que a ação fosse facilitada. Na ocasião, cinco homens entraram no local desarmados, tomam as armas de três vigilantes e anunciam o assalto.

Nos últimos dez anos, o Bope participou de mais de 200 ações com reféns no Rio. Em todos os casos, os reféns foram resgatados. Na ação de ontem, que não chegou a ter negociação por parte dos policiais, eles cercaram a agência bancária de forma estratégica e fizeram uma espécie de triagem entre os reféns para tentar localizar algum suspeito, além de uma varredura no banco em busca de armas e explosivos.

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