Por nicolas.satriano

Rio - Uma lição de humanidade. Mesmo sendo a décima vez que sofreu um roubo, a médica Simone de Souza, que estava no ônibus da linha 2329 (Castelo - Recreio), da viação Expresso Recreio, assaltado por três homens na tarde desta quarta-feira, não se eximiu da responsabilidade de socorrer um dos criminosos baleado por um policial civil. "Nós somos seres humanos e temos que cuidar um do outro e lutar pela paz. Temos que acreditar que dá pra mudar. Se tem vida, temos que estar perto", ensinou a profissional de saúde em entrevista ao RJTV

A médica percebeu que o rapaz baleado ainda estava com vida e, prontamente, o atendeu. O susto foi grande quando um policial civil da 12ªDP (Copacabana) reagiu e feriu dois dos três bandidos. Uma passageira que estava sentada ao lado do inspetor Eduardo Bezerra avisou que o bando "não praticaria mais assaltos".

O policial civil Eduardo Bezerra baleou dois bandidos durante um assalto ao ônibus da linha 2329 (Castelo - Recreio). Uma passageira ficou com a roupa ensanguentadaFoto%3A Severino Silva / Agência O Dia

"Quando eles tinham roubado e estavam indo embora, o inspetor levantou e disse: 'esse aí não vai assaltar mais ninguém'. E depois disso atirou", afirmou Claudia Regina dos Santos, 32 anos.

O inspetor explicou na 16ªDP (Barra da Tijuca), onde o caso foi registrado, como decidiu o momento de atirar nos assaltantes que estavam com duas pistolas, sendo uma falsa, e granada. "Assim que eles anunciaram o assalto, eu olhei o momento de distração e reagi", diz.

Um ferido conseguiu escapar do ônibus, mas foi preso dentro de uma padaria. O outro, que anunciou o assalto, foi baleado e caiu sobre a médica Simone Soares de Souza, de 43 anos, que ficou com a roupa ensanguentada.

O policial civil Eduardo Bezerra baleou dois bandidos durante um assalto ao ônibus da linha 2329 (Castelo - Recreio). Uma passageira ficou com a roupa ensanguentadaFoto%3A Severino Silva / Agência O Dia

"Estava no primeiro banco do ônibus e fui uma das primeiras a ser assaltadas. Ela deu dinheiro e carteira e logo depois ouvi o barulho dos tiros e me abaixei. Quando vi, um dos bandidos caiu no meu colo", disse a médica, que evitou avaliar se a atitude do policial civil foi correta.

"Não tenho cabeça para avaliar a atitude do policial se foi certa ou errada. O que vale é que estamos todos vivos. Eu só pensava nos meus dois filhos", completa.

O policial civil Eduardo Bezerra baleou dois bandidos durante um assalto ao ônibus da linha 2329 (Castelo - Recreio). Uma passageira ficou com a roupa ensanguentadaFoto%3A Severino Silva / Agência O Dia

De acordo com o motorista Carlos Barbosa, o trio entrou no ônibus no último ponto da Avenida das Américas. Ele lembrou que dois passaram pela roleta e um criminoso, que estava com o uniforme de frentista, aparentava muito nervosismo e dizia que estava sem dinheiro da passagem. Ele diz que foi ameaçado pelos bandidos. "Ele me falou: 'fica calmo, não pisca o farol para ninguém, se não eu vou te matar'', lembra.

Trauma para o resto da vida

Ao lado da filha de 12 anos, Maria Daniele Rodrigues, 32, seguia para o médico quando aconteceu o assalto. Ela relatou que as capsulas das balas caíram sobre ela e a adolescente. "Uma vez por mês eu levo a minha filha de 12 anos para uma consulta médica. Assim que eu dei o celular para o bandido, escutei os barulhos dos tiros e várias capsulas caíram em mim e na minha filha", diz a passageira, que não pretende andar mais de ônibus.

"Deixei a minha filha no médico para ver se acalma um pouco. Ela ficou em estado de choque, chorando muito. Vai ser um trauma muito grande para o resto de nossas vidas. Vou deixar de andar de ônibus por um bom tempo", finaliza.

Um criminoso foi atingido na cabeça e no pescoço e o outro três vezes na barriga. O primeiro, em estado grave, foi levado para o Hospital Municipal Miguel Couto, na Gávea. Já o segundo está no Lourenço Jorge, na Barra. A polícia segue realizando buscas para tentar localizar o terceiro assaltante.

Com informações de Eduardo Ferreira

Você pode gostar