Rio - Os frequentes episódios de violência em comunidades pacificadas do Rio atingiram uma família que há duas décadas mora no Complexo do Alemão, na Zona Norte, mas que agora pensa em deixar a região. A copeira Fátima Aparecida Gomes de Oliveira Santos, de 27 anos, foi baleada no peito durante confronto entre PMs da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) Nova Brasília e traficantes, no início da madrugada desta quinta-feira. Ela está internada no Centro de Terapia Intensiva (CTI) do Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha.
"Se eu tivesse condição eu sairia (do Complexo do Alemão). Aqui não tem condição de morar mais, todo dia é a mesma coisa", desabafou a irmã da copeira, a comerciante de 41 anos que não quis se identificar.
Fátima Aparecida foi atingida quando foi buscar seus filhos que brincavam na rua. Os meninos de 11 e 10 anos entraram em choque quando souberam que a mãe foi baleada. "O mais velho soube primeiro e o mais novo ficou sabendo somente agora. Ele está chorando muito, está desesperado", relata.
Apesar da vítima estar no CTI, a irmã está otimista com sua recuperação. "Ela ainda está no CTI, mas seu quadro de saúde é estável. Ela está conversando normalmente", diz.
Além de Fátima, um menino de apenas 11 anos, identificado como Vítor, também foi baleado e levado para o Getúlio Vargas. Ele teve uma fratura exposta e seu estado de saúde é considerado estável.
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Por conta da violência na região, duas escolas e três Espaços de Desenvolvimento Infantil (EDIs) da rede municipal de ensino não estão funcionando nesta manhã. Com isso, 2.069 alunos estão sem aulas. Já as unidades da rede estadual, de acordo com a Secretaria de Estado de Educação, funcionam normalmente.
Marcas da noite violenta no Complexo do Alemão
Pelo WhatsApp do DIA (98762-8248), moradores relataram um verdadeiro "cenário de guerra" nesta manhã. Uma foto mostra um carro, que estava na Praça do Conhecimento, na Nova Brasília, atingido por diversos disparos. Numa rede social, uma moradora da comunidade desabafou: "Lamentável e triste. Por isso vou embora desse lugar assim que puder. Não há como criar os filhos nesse lugar"!
O comando da UPP Nova Brasília negou, através de uma nota oficial, que os policiais tenham ficado encurralados na localidade conhecida como Praça do Terço. A UPP determinou a abertura de uma averiguação para apurar o caso, que foi registrado na 22ªDP (Penha). O policiamento está na região está reforçado pelos policiais do 16ºBPM (Olaria) desde a madrugada.