Por tabata.uchoa

Rio - Há mais de um mês, estudantes da rede municipal de Itaboraí, na Região Metropolitana do Rio, sofrem com a falta de merenda. Pais de alunos se queixam de que, sem comida, as crianças são liberadas mais cedo em alguns dias da semana. Dossiê feito pelo Sindicato dos Profissionais de Educação (Sepe), e enviado ao Ministério Público, apontou falhas na entrega dos alimentos na rede, que atende 31.313 alunos em 87 unidades. Segundo a entidade, para contornar a problema, professores têm pedido doações no comércio e recorrido à ‘vaquinha’ para reforçar o almoço com proteína, como ovos e salsicha.

Mãe de aluna na José Ferreira%2C Luana diz que situação se arrasta há um mês%3A 'As crianças estão perdendo aula'Fabio Gonçalves / Agência O Dia

Fotos a que O DIA teve acesso mostram pratos de arroz e feijão, e de macarrão e feijão, servidos nas refeições. “Tem alunos que vêm à escola para comer. Quando não almoçam, ficam com fome pois também não têm em casa”, diz uma professora.

Quando há carne, a qualidade é ruim. “Já veio com mau cheiro”, diz um funcionário da E.M. Marly Cid. Os problemas se repetem. Na E. M. Therezinha de Jesus, no Rio Várzea, por três dias os alunos comerem aipim. Já na E. M. Geremias de Matos, em Sambaetiba, o almoço foi laranja ou biscoitos. “Adiantaram as aulas para que a gente não precise comer na escola. Segunda-feira só deram milho”, diz Gleiciane Rodrigues, 15 anos, que leva biscoitos ou dinheiro para comprar lanche para ela e os irmãos, de 8 e 11 anos, na E.M. José Ferreira, no Parque Aurora.

Mãe de aluna do 3º ano, a operadora de caixa Luana Soares, 26 anos, se preocupa. “Essa semana o boato é que falta merenda; semana passada diziam que era por falta de funcionário. Há mais de um mês que isso está se arrastando. As crianças perdem matéria”, critica. Maurício Lapa, um dos diretores do Sepe, diz que inspetores, porteiros e funcionários da limpeza terceirizados estão há dois meses sem salários. “A situação é muito grave”, afirma. Hoje, haverá meia-paralisação na rede para decidir se entram em greve. A Secretaria Municipal de Educação diz que houve irregularidades no fornecimento de alguns itens da merenda desde o início de junho, porém a situação está sendo regularizada. O órgão acrescentou ainda que os pagamentos serão normalizados, sem, no entanto, informar quando.

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